Tendências à desestabilização do Oriente Médio

Segunda, 15 Abril 2024 21:44

Em meio à ofensiva do enclave de Israel sobre a Faixa de Gaza, perpetrando um genocídio do povo palestino que resiste com grande heroísmo, um novo evento agudiza as tendências à desestabilização da região. No sábado, 13 de abril, o Irã lançou mais de 300 drones sobre Israel, há duas semanas do ataque a sua embaixada na Síria, que causou a morte de 13 pessoas. Este é o primeiro ataque direto do Irã a Israel na história e os iranianos o justificam como uma resposta ao ataque recebido em Damasco, no qual morreram oficiais da Guarda Revolucionária Islâmica. Ainda assim, se trata de uma ação “limitada e em defesa própria”, tal como a própria diplomacia iraniana manifestou abertamente em Washington. Este aviso também permitiu que o imperialismo coordenasse com Israel ações preventivas. Esta diplomacia se explica no fato de que o Irã pretende evitar uma guerra regional, mas ao mesmo tempo “ser respeitado” frente às forças israelenses e adverti-los que suas incursões serão respondidas com represálias.

Ainda que não se descarte que isto provoque uma escalada bélica, os governos têm demonstrado cautela. Estas intervenções quase cirúrgicas dos governos do Oriente Médio se explicam pela enorme fragilidade do equilíbrio político, não só porque tanto as burguesias árabes como o sionismo estão vendo como negociar com um imperialismo em crise que retém o apoio econômico e não define uma linha estratégica (após o fracasso de inúmeras tentativas como os acordos de Oslo, a “rota de fuga” etc., e em meio a uma crise imperialista de magnitudes sem precedentes), senão também pelo fato de que existe um perigo real de uma irrupção das massas. Tanto o governo de Netanyahu, como o de Alí Jamenei têm enfrentado questionamentos políticos internos com protestos massivos que colocaram o regime no foco. A frente interna convulsionada lhes tira a base social para realizar qualquer ação agressiva que vá além da relação de forças, em um terreno regional altamente convulsionado e imprevisível. 

Porém, apesar da delicada situação do enclave de Israel, as burguesias árabes também são um fator contrarrevolucionário que contribuem para evitar que as irrupções de massas se desenvolvam para um questionamento efetivo ao poder. Desempenharam um papel contrarrevolucionário sufocando com sangue as semi-insurreições espontâneas que explodiram na região a partir de 2010, e hoje têm em seu auge regimes bonapartistas com características de ditaduras policiais apoiadas no imperialismo, como o do General Al-Sisi no Egito, que sustenta o flanco sul do cerco sionista da Faixa de Gaza. A Arábia Saudita anunciou o restabelecimento de relações diplomáticas com o Irã após 7 anos de desencontros. A isto se seguiu o restabelecimento gradual das relações entre o Irã e os demais Estados do Golfo – Emirados Árabes Unidos e Kuait – que o ex-primeiro ministro israelense Naftali Bennett considerou “uma vitória política para o Irã” e “uma ameaça para Israel”. Mas a indiferença dessas direções nacionalistas frente ao massacre desses últimos meses em Gaza demonstra seu caráter reacionário e sua incapacidade de dar uma saída progressiva ao povo palestino e a todos os povos oprimidos da região. Ainda assim, a resistência palestina segue em pé e cada nova geração é mais forte e apegada ao direito ao retorno e a vontade de pagar o preço nesta luta.

A classe operária internacional deve intervir do lado do povo palestino impulsionando medidas que afetem a máquina imperialista na produção; assim mesmo, o proletariado da região deve impulsionar a necessidade da derrota e destruição do enclave de Israel, derrotando as burguesias nacionais, mediante os métodos da classe operária, como a greve geral e a insurreição consciente das massas. Lutando pela revolução socialista, por uma Federação de Repúblicas Socialista do Oriente Médio e Magreb.

 

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