III Congresso TRQI

Quarta, 25 Junho 2025 16:14

 

Nos dias 20 e 21 de junho, foi realizado na cidade de Buenos Aires o III Congresso TRQI, com delegações da LOI Brasil, COR Chile e COR Argentina.

Tendências da situação mundial

Neste ponto, expandimos alguns elementos das teses que foram apresentadas para o Congresso, avançando na caracterização das tendências para a guerra. A agressão desencadeada por Israel contra o Irã, com a intervenção dos Estados Unidos, mostra que estamos presenciando tendências para uma guerra generalizada ou para uma nova guerra mundial. Na campanha eleitoral, Trump havia prometido que iria frear as guerras em andamento, no entanto, acelerou os processos. Mas esta nova guerra não será com as características das duas guerras mundiais anteriores, que foram para arbitrar que potência imperialista seria a única a dirigir o mundo. Nesse caso, seria uma guerra mundial em fase de decomposição do imperialismo, cuja expressão máxima se dá nos Estados Unidos, e da rapina para definir como se integram os ex-Estados operários em processo de assimilação. Seria uma guerra igualmente reacionária, mas não com as características das guerras interimperialistas de guerras anteriores, já que não definimos os ex-Estados operários como China e Rússia como imperialistas.

Reafirmamos a definição da ruptura do equilíbrio instável, uma vez que as instituições criadas no pós-guerra não estão desempenhando nenhum papel nas guerras abertas e nos processos de crise econômica que se aceleram.

Definimos que estamos em um processo de recessão na economia mundial, agravada pela política tarifária de Trump e que o conflito entre Irã e Israel pode levar a um aumento no preço do petróleo e levaria a possíveis processos de aumento da inflação. Esta situação internacional vai abrir situações de luta de classes mais agudas, já que os diferentes governos terão que se preparar para um cenário de guerra e terão que ajustar sua economia, o que provocará confrontos de classe e, dessa forma, devemos intervir nas fileiras do proletariado com um programa de transição que proponha uma saída revolucionária para o massacre ao qual o imperialismo e seus aliados pretendem nos levar.

Discussões sobre a China

Também discutimos como abordar o debate que está passando por grande parte do centrismo em relação à análise da China. Discutimos tentar recuperar a abordagem metodológica que Trotsky propôs para analisar as economias em transição após uma revolução: a interação entre a lei do valor e a lei da acumulação socialista, entre seus conflitos e sua harmonia. Nessa interação estão os aspectos internacionais e nacionais em que essas leis operam, a relação entre a concorrência mundial e os sistemas econômicos, de um lado, e, no nível nacional, a conexão entre economia e regime. Acreditamos que é importante retomar essa abordagem, pois nos permite entender a dinâmica da lei do valor e suas contratendências, em vez de analisar os fenômenos revolucionários apenas do ponto de vista da lei da acumulação ou do desenvolvimento desigual e combinado, sem apreciar as mudanças que a intervenção consciente de uma direção revolucionária produziu nas leis do capital. A perspectiva do centrismo não leva em conta essas interações e toma as leis do capital de forma abstrata. Várias correntes que se dizem trotskistas argumentam que o capitalismo já foi definitivamente restaurado na China e algumas até argumentam que é imperialista. Existem até correntes que dizem que a China é um capitalismo sui generis em processo de ser imperialista. Insistimos que o processo de assimilação da China e da Rússia ainda não está encerrado e isso dependerá dos processos da luta de classes em nível nacional e internacional e da dinâmica do confronto entre revolução e contrarrevolução que nos é colocado neste cenário.

Brasil

O governo Lula está perdendo apoio popular e não tem substituto eleitoral, o que dificulta ainda mais o governo. Da parte da oposição burguesa, o bolsonarismo estaria em retirada e estão em busca de quem vai ocupar seu lugar entre alguma figura do centro ou se pode ser o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas. Nesses meses, desenvolveram-se lutas educacionais em diferentes níveis, que foram traídas pela burocracia. Nossa corrente participou desta importante luta contra a burocracia e conseguimos conquistar um lugar de destaque na vanguarda.

Diante do cenário mundial, temos de procurar uma maior intervenção no movimento operário com uma linha internacional e fazer avançar o trabalho para frear o genocídio em Gaza. O governo Lula exporta 40% do petróleo para Israel, portanto, o proletariado tem uma tarefa pesada na luta contra esse massacre.

Chile

O governo de Boric continua se adaptando à agenda da direita chilena, o que permite um avanço mais repressivo nos conflitos e posiciona a oposição burguesa com chance de retornar ao governo. Por sua vez, a Frente Ampla, que surgiu como a resposta da burguesia ao movimento de massas de 2019, mostrou rapidamente que é mais um servidor dos interesses imperialistas e que está disposta a atacar a classe trabalhadora para garanti-los. Houve lutas dos trabalhadores nos setores pesqueiros, por exemplo, mas isoladas por mediações reformistas e pela burocracia. É de vital importância ter agitação revolucionária e redobrar esforços para organizar a vanguarda operária que vem desenvolvendo experiências atomizadas para que seja o germe de um partido revolucionário que derrote a burguesia pró-imperialista, de todas as cores, e seus agentes em nossas fileiras.

Argentina

Milei rompeu com a tradição diplomática do Estado argentino de "neutralidade" diante dos confrontos militares e se alinhou fervorosamente com os EUA e o enclave de Israel, portanto, a luta para derrotar a política imperialista na região está inextricavelmente ligada à luta pela derrota de Milei, visando desenvolver métodos dos trabalhadores no campo da produção para afetar seus interesses.

Enquanto o Congresso acontecia, ainda ressoava a notícia da prisão de Cristina Fernández de Kirchner e o posicionamento escandaloso de grande parte do centrismo local contra a "proscrição". Isso mostrou um salto na adaptação de um setor do centrismo trotskista ao regime burguês.

O chamado para a Conferência Internacional para a Reconstrução da Quarta Internacional

A situação internacional e as perspectivas de um cenário de guerra confrontam os revolucionários com tarefas históricas transcendentais, daí a importância de discutir com as tendências que reivindicam a ditadura do proletariado para avançar na reconstrução da Quarta Internacional. No entanto, o curso de adaptação das instituições da democracia burguesa e as concepções oportunistas de muitas correntes que se reivindicam trotskistas em nível internacional se tornam um obstáculo a essa perspectiva. Continuamos insistindo na importância de desenvolver uma minoria revolucionária organizada dentro do movimento operário para realizar a tarefa indispensável da luta programática pela revolução socialista. Neste caminho não vemos utilidade na realização de eventos autoproclamados, onde se pretende tomar o lugar do mandelismo da época passada, que renunciou à ditadura do proletariado, nem na reunião de grupos sem acordos programáticos com noções vagas como a "nova internacional". Como TRQI, reivindicamos que é a partir do programa da Quarta Internacional, da sistematização e generalização da experiência da Revolução Russa que Trotsky nos deixou que devemos continuar desenvolvendo a luta pela revolução mundial na época imperialista.

Resoluções

No sábado, às teses propostas foram aprovadas e as resoluções foram votadas. Incluindo:

- Realizar uma campanha de agitação e propaganda propondo as tarefas que o proletariado tem para enfrentar o imperialismo e contra a militarização dos Estados, destacando os métodos dos trabalhadores e incentivando a paralisação da produção para afetar os interesses imperialistas. Nesse sentido, promover ações, palestras, publicação de materiais.

- Redobrar a campanha contra o genocídio em Gaza a partir de uma política operária, propondo que a saída é a luta revolucionária pela Federação das Repúblicas Socialistas do Oriente Médio. Promover atividades de frente única com aqueles que compartilham essa perspectiva para denunciar os planos do enclave.

- Publicar as teses sob a forma de folheto e apresentá-las nos comitês regionais dos grupos.

- Publicar um novo número da revista internacional.

 

 

 

 

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