Ofensiva da OTAN na Ucrânia

Segunda, 07 Fevereiro 2022 19:55

A escalada belicista por intermédio da OTAN para disciplinar as zonas de influência da Rússia, neste caso na Ucrânia, a qual o imperialismo norte americano pretende que pertença à OTAN contradizendo a consideração da Rússia de que deve estar sob sua influência, entrou na diplomacia das armas.

Esta situação se dá em um contexto internacional onde a suposta normalidade do pós pandemia é uma miragem, já que a variante Ômicron segue demostrando que não está solucionado o problema da Covid. O impacto da crise econômica é cada vez maior, apesar da retomada de 2021 e as expectativas de recuperação impulsionadas pela vacinação massiva, as economias em geral não conseguiram alcançar os níveis de produção de 2019 e para este ano já se prevê uma forte desaceleração.

O território em disputa, a Ucrânia, condensa os processos históricos do último período. Foi parte da URSS, parte de seu processo de dissolução e das disputas territoriais na formação de seu Estado, considerando que em seu momento foi um dos motores econômicos da ex URSS por seu petróleo e recursos naturais.

Esse conflito deve ser enquadrado dentro de uma etapa histórica que nós definimos como um processo combinado de decomposição do imperialismo e de assimilação dos ex-Estados Operários. Consideramos importante fazer esta precisão na análise, porque nos permite entender melhor o fenômeno, no qual o imperialismo norte-americano em sua decadência pretende recuperar a hegemonia mundial e tenta assimilar a Rússia ao sistema capitalista, embora a protoburguesia russa negocia a condição de sua transição ao capitalismo.

Nós marxistas sustentamos que a assimilação dos ex-Estados Operários se desenvolverá na arena mundial,  onde se definirá se sua transição é para Estados ou semi-Estados semicoloniais, ou se no desenvolvimento da restauração capitalista se dêem processos revolucionários, com revoluções complementares – como denominava Trotsky às revoluções internas que corrigiriam o rumo das transições na dinâmica de revolução permanente –, onde derrotemos a transição capitalista e formemos um novo Estado Operário. A burocracia russa que sobreviveu ao eclosão da URSS, mas que não pode se converter em classe burguesa por sua relação com os meios de produção ainda estatais em sua maioria, não pode se conformar como classe e portanto dificulta a formação de um Estado burguês e essa contradição, levada ao plano internacional, obriga a essa protoburguesia em formação à auto adaptação ao processo de restauração capitalista conquistado parcialmente, defendendo-o e buscando áreas de influência mediante mecanismos econômicos ou militares como foi a anexação da Criméia em 2014.

Na transição do capitalismo ao socialismo, no alvorecer do primeiro Estado Operário do mundo, Trotsky se perguntava se a burocracia soviética iria ser assimilada no processo de transição, situação que não se deu e foi essa burocracia que truncou a extinção do Estado e se conformou em um bonapartismo que preparou as condições para a restauração capitalista. O que essa burocracia não pode prever foi que sua assimilação ao sistema capitalista se produziria no momento de uma decadência histórica e sem garantias de sobrevivência.

Entretanto, o imperialismo norte-americano tenta, em meio de uma crise mundial que a pandemia veio acelerar, recuperar terreno perdido na arena mundial, utilizando seu poderio militar para disciplinar seus aliados como a UE, que está em crise total, e mostrar sua direção frente seu inimigo número um, que é a China. A debilidade dos EUA para impor seu poderio é sua situação interna, já que não pode recriar uma base social que apóie uma eventual guerra.

Assistimos a uma situação mundial convulsiva, onde temos presenciado processos de massas em diferentes pontos do mundo enfrentando a política imperialista frente a pandemia e os ataques às condições de vida da população.

O conflito aberto entre a Rússia e a OTAN obriga aos revolucionários fazerem uma grande campanha internacional para que os trabalhadores intervenham contra a OTAN e seus países membros e impulsionar a solidariedade entre o proletariado ucraniano e russo para enfrentar a restauração capitalista com métodos revolucionários. É necessário que o proletariado desta região recupere o mais avançado das lições do processo revolucionário, como a conformação de federações como forma estatal da ditadura do proletariado.

A crise mundial e a pandemia aceleraram as definições históricas na situação internacional para a sobrevivência do imperialismo norte-americano e para fechar o período dos Estados Operários. Nesta situação nós marxistas temos grandes desafios e responsabilidades. Insistimos em nosso chamado para uma Conferência Internacional com as correntes que ainda reivindicam a ditadura do proletariado e a necessidade da reconstrução da IV Internacional como tarefa urgente.

COR Chile - LOI Brasil - COR Argentina

 

 

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    O governo Putin realizou uma ação militar denominada “operação militar especial" na Ucrânia, reivindicando uma defesa na região pró-russa de Donbass. A Rússia bombardeou alvos militares e estratégicos na Ucrânia e está ameaçando com uma invasão de suas tropas de diferentes flancos a uma Ucrânia sitiada.

    Putin justifica o ataque dizendo que busca garantir a independência das autodenominadas "repúblicas populares" de Donetsk e Lugansk, que nos últimos 8 anos foram atacadas pelo exército ucraniano. Desta forma, ele tenta desestabilizar o governo ucraniano, que é aliado da OTAN.

    A resposta do imperialismo norteamericano e da UE são maiores sanções econômicas para que Putin desista de seu avanço belicista. Por outro lado, a China tenta encontrar um equilíbrio nessa situação caótica.

    Diante desse cenário, nós revolucionários, devemos intervir propondo uma solução operária para a crise que se abriu, para intervir de forma independente em uma situação mundial marcada pela crise econômica e acelerada pela pandemia. Devemos agitar, frente ao conjunto dos trabalhadores, que esta não é nossa guerra, que é totalmente alheia aos interesses históricos do proletariado. Os interesses perseguidos pela OTAN e o imperialismo são de assimilar os ex-Estados operários como semicolônias. Do lado do governo Putin, se busca apoiar uma burocracia restauracionista ao serviço de uma protoburguesia que não está disposta, em sua transição para o capitalismo, a ser uma simples semicolônia.

    As “severas sanções econômicas" propostas pelo imperialismo serão pagas à custa de uma maior exploração de nossa classe, não apenas em seus próprios países, mas também através da exploração das semicolônias. É por isso que devemos unir os trabalhadores contra os governos de turno e impedir, com métodos operários, que a máquina militar seja acionada para defender os interesses imperialistas. Na região em conflito, devemos buscar a unidade entre o proletariado ucraniano e russo para deter a restauração capitalista em curso, expropriar a protoburguesia e retomar as tarefas revolucionárias que ficaram inacabadas. Para isso, devemos partir da recuperação das lições mais avançadas do processo revolucionário de outubro, como a formação de federações, forma estatal da ditadura do proletariado; lições que, não por acaso, tanto o imperialismo, quanto Putin e os restauracionistas russos abominam e querem apagar da história.

    Este conflito ocorre em meio a uma decomposição do imperialismo e um processo de assimilação dos ex-Estados operários. O imperialismo norteamericano tenta reconquistar a hegemonia mundial, expondo, por sua vez, sua debilidade histórica, enquanto as burocracias a mando dos ex-Estados operários da Rússia e da China tentam manter o lugar que conquistaram dentro do sistema capitalista em crise.

    Àqueles, como nós, que reivindicam o marxismo revolucionário, chamamos urgentemente as correntes que ainda levantam a ditadura do proletariado para uma Conferência Internacional para discutir um programa e ações internacionalistas em comum. 

    COR Chile – LOI Brasil – COR Argentina

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