A decadência do regime venezuelano

Terça, 30 Julho 2024 17:32

 

No domingo, 28 de julho, foram realizadas as eleições na Venezuela. Maduro reivindica vitória e a oposição denuncia fraude. Nada diferente de eleições passadas, porém, esta possui a particularidade de encontrar o governo Maduro em maior debilidade e com apoio mais instável em todo o mundo. Grande parte dos governos da região e dos países imperialistas pedem que sejam apresentadas todas as atas das eleições e, embora os governos da Rússia e da China tenham reconhecido Maduro como o vencedor, ele já não tem o seu apoio como nos anos anteriores; e mesmo os governos do Chile e do Brasil lançaram dúvidas sobre o resultado.

A crise social e econômica em que a Venezuela mergulhou corroeu a relação de Maduro com as massas. O governo aplicou um ajuste, os salários são paupérrimos e os serviços públicos praticamente não funcionam. Entretanto, a oposição burguesa, que levantou a candidatura de González Urrutia, ainda não consegue armar-se para tomar o poder num Estado cada vez mais decadente. É óbvio que estas eleições não podem trazer nada de bom aos trabalhadores já que ambos os candidatos representam diferentes frações burguesas alinhadas com o imperialismo, e apenas diferem na forma de dominação das massas para explorar e saquear recursos naturais como o petróleo e a mão-de-obra nativa. De ambos os lados são evidentes as características típicas do bonapartismo sui generis, um negociando migalhas com o imperialismo e o outro apresentando-se como seu representante mais direto.

Os setores de esquerda foram banidos das eleições. Organizações como o PSL, o PPT/APR, a Marea Socialista e a LTS, desenvolveram uma campanha denunciando o governo e a possibilidade de fraude, chamando o voto nulo.

Devemos acompanhar o desenvolvimento da crise que as eleições abrem, pois, por um lado, aceleram o processo de decomposição do regime de Maduro e, por outro, devemos observar até que ponto a oposição está disposta a enfrentar processos mais abertos de confronto nas ruas. No encerramento da jornada do dia 29/07, já eram registrados confrontos e repressão nas ruas de Caracas.

É fundamental lutar por ações independentes dos trabalhadores para intervir nesta crise com os métodos da nossa classe e um programa operário de saída para a crise. A única forma de atacar as bases do regime venezuelano é promovendo a ocupação e o controle operário dos principais ramos da economia, especialmente o petróleo, expulsando a burocracia dos sindicatos. Chamamos a vanguarda operária em toda a América e em todo o mundo para que desenvolvam ações de solidariedade com o proletariado venezuelano. Insistimos no nosso chamado às correntes que reivindicam a ditadura do proletariado para organizar uma Conferência Internacional que nos permita começar a discutir passos concretos para a reconstrução da IV Internacional, que terá como tarefa a luta pelos Estados Unidos Socialistas da América.

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