Por uma Conferência Internacional! Pela reconstrução da IV Internacional!

Domingo, 02 Fevereiro 2025 22:06

 

Diante da magnitude da crise e da aceleração dos preparativos belicistas, conscientes das consequências que isso implica para nossa classe, torna-se urgente o chamado a uma Conferência Internacional para as correntes que ainda levantam a necessidade da ditadura do proletariado.

Fazemos este chamado com o propósito de abrir um debate no interior das correntes que se reivindicam trotskistas, já que o trotskismo é a única tradição marxista que mantém viva a perspectiva da revolução socialista. É necessário dar um passo no sentido de reagrupar parte da vanguarda atrás de um programa revolucionário e poder intervir na situação internacional. Nossa corrente aspira atuar nesse processo como uma tendência de uma direção revolucionária que impulsione o desenvolvimento de uma nova geração que retome as tarefas históricas de construir o partido mundial da revolução, que nesta época é a reconstrução da IV Internacional. A construção deste partido torna-se imperiosa, num momento em que prevalecem as ideias de movimentos ou coalizões eleitorais, que depois se transformam em mediações podres e entram em crise por sua impotência para enfrentar o avanço de setores ultrarreacionários. Isso foi visto, por exemplo, no Brasil onde o PSOL apoiou Lula, no Chile com o colapso da Frente Ampla de Boric e sua aliança com o PC e correntes afins, ou o NPA da França que fez uma campanha em comum com a “França Insubmissa” de Melenchon, para dar apenas alguns exemplos.

Desde a TRQI definimos que a situação internacional se encontra numa etapa caracterizada pela decomposição do imperialismo e pelos processos de assimilação dos ex-Estados operários. Assistimos a uma aceleração dos tempos, impulsionada pela política belicista do imperialismo, na necessidade de assimilar os ex-Estados operários e abrir novos mercados em meio a uma crise na organização do capital e suas instituições, como o Estado burguês, e da sua forma de dominação, com um bonapartismo decadente.

Em 20/01/25, Donald Trump assumiu seu segundo mandato, rodeado pelo establishment financeiro e político mais concentrado do mundo e representantes políticos internacionais. O discurso que pronunciou no Capitólio levantou a ideia de recuperar a liderança perdida nos últimos anos e, com base numa política agressiva a nível econômico e no poderio militar, tem como objetivo recuperar a influência perdida – pela sua decadência – em diferentes regiões, especialmente diante da China, para tentar impor uma nova saída para a situação mundial.

Devemos discutir as tarefas dos revolucionários e a política para os setores organizados do proletariado diante da extensão no tempo da crise econômica mundial aberta em 2008. Os elementos belicistas estão se acentuando, como mostram a guerra Rússia-Ucrânia, que está desestabilizando grande parte da Europa; o genocídio na Palestina por parte do enclave de Israel, que está gerando uma crise aberta na região do Oriente Médio, como ficou demonstrado na queda de Al Assad na Síria; a guerra comercial entre EUA e China; a crise na África.

Temos de discutir qual papel deve desempenhar o proletariado dos ex-Estados operários, como o chinês, o russo e o ucraniano, para frear a guerra e derrotar a OTAN e os governos restauracionistas. Nestes Estados estamos assistindo a uma contradição histórica, na qual a burocracia contrarrevolucionária, que ainda não consegue se constituir como classe e continua buscando de forma infrutífera experimentos de acumulação, deve assumir tarefas burguesas da época imperialista, como restaurar o domínio do capital. Mas, ao mesmo tempo, o imperialismo não reconhece essa formação social como representante para essa tarefa histórica. A extensão no tempo desta anomalia é o que está levando a uma guerra, ainda encapsulada. No entanto, ao chegar a este ponto, já não seria como as outras guerras mundiais, que foram pela divisão do mercado na expansão do sistema capitalista, mas sim para assimilar os ex-Estados operários no momento de maior decadência e decomposição do imperialismo. Sustentamos que estamos num cenário novo, não só porque já não existem as condições econômicas e políticas do período de guerra mundial, mas também porque não existem as mediações partidárias ou movimentos políticos com base operária que se desenvolveram naquele período. Por isso é difícil e até estéril buscar analogias históricas, como as que dizem que estamos num momento como o anterior a 1915 ou outros. O que devemos constatar é que o imperialismo em sua decadência pode levar os trabalhadores a enfrentamentos militares e acreditamos que a dinâmica mundial está dando indícios desses preparativos. Devemos enfrentar a guerra com a revolução, guiados pela teoria da revolução permanente.

Hoje presenciamos a crise das correntes que ainda reivindicam o legado de Mandel, Moreno, Ted Grant, Lambert e outros que não conseguem dar resposta aos processos abertos. Como se viram na necessidade de se desenvolver num período que já está desaparecendo, estão se tornando obsoletos para orientar a prática revolucionária atual. Em seu momento tiveram de responder a processos históricos muito contraditórios como a política contrarrevolucionária do estalinismo (desde a autoridade da Revolução Russa e da URSS), o surgimento dos Estados de bem-estar e toda uma série de políticas imperialistas para dar concessões a setores de massas em sua competição contra o sistema soviético, etc. Ao não se desenvolver a direção revolucionária, pelo fato de que a IV Internacional não conseguiu superar o estágio germinal, terminaram desenvolvendo diferentes variantes de adaptações ao Estado e suas instituições, seja nos países imperialistas como semicoloniais. Em geral, terminaram separando economia de política e caíram em armadilhas de conciliação de classes, sustentando essa ideia como norte sem entender a dinâmica da revolução permanente onde já não estão as tendências organizadas do passado, e onde se coloca o caráter da revolução, em chave mundial e não nacional. Agora, por essa adaptação, não conseguem dar resposta à queda do Estado de bem-estar na Europa, aos processos de assimilação dos ex-Estados operários, à decomposição imperialista e aos desafios da luta de classes. Ainda assim, nossa corrente continua viva como continuidade do marxismo revolucionário. Isso impõe recuperar o método que nos ensinaram os grandes revolucionários do passado, para completar a tarefa de desenvolver a luta pelo socialismo nas condições atuais. Precisamos de uma Internacional, que para nós é a IV Internacional, que ordene os debates e defina as tarefas em todas as seções nacionais, unificando a luta dos batalhões do proletariado que se destacam em todo o mundo.

Fazemos este chamado para que comecemos a abordar esta tarefa histórica, para resolver a crise da humanidade, que é a crise de direção revolucionária do proletariado.

 

 

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