1º de maio: Mostremos o poder da classe operária em todo o mundo
Quarta, 29 Abril 2020 20:01Declaração da TRQI
1º de maio: Mostremos o poder da classe operária em todo o mundo
Em nosso dia em todo o mundo, os trabalhadores devemos levantar nossa voz contra a decadência imperialista e mostrar o poder da classe operária.
A pandemia e a decadência imperialista
Este 1º de maio encontra-nos, os trabalhadores, lutando contra um vírus e contra um parasita histórico, que é o capitalismo. A pandemia do coronavírus desnudou o sistema capitalista e suas formas de dominação. Demonstra as consequências do avanço do capitalismo sobre a natureza de forma anárquica. A pandemia agudiza e acelera as tendências da crise de 2008, levando seguramente a uma recessão mundial. Mas é importante compreender que, se bem é continuidade da crise da década passada, esta continuidade não é necessariamente linear; podem se produzir saltos de qualidade no estado geral do capitalismo imperialista, cujas consequências serão vistas em médio e longo prazo.
A crise acelerada pelo coronavírus acentuou ainda mais a decomposição das instituições criadas no pós-guerra; grandes exemplos são a OMS e sua atuação, a ruptura dos desequilíbrios interestatais, a UE entrando em uma situação caótica e uma exacerbação da competição entre EUA e China como o mais importante. Nesse cenário, não se descarta a possibilidade da ruptura dos equilíbrios de classe nos estados nacionais abrindo processos mais agudos de luta de classes.
O particular nesta crise é a intervenção dos Estados de forma deliberada na esfera da produção, na relação entre o capital e o trabalho. Quer dizer, sobre as leis do capital, não para violá-las, mas para negá-las parcialmente.
A resposta das principais potências imperialistas frente a crise é um maior estatismo, ou seja, uma tentativa de economia dirigida, intervenção com um festival de subsídios ao capital, nacionalizações de empresas em crise como as companhias aéreas de bandeira e impostos às riquezas ou políticas fiscais agressivas. Para os trabalhadores isto não é outra coisa que um ataque em todos os âmbitos, com demissões massivas, suspensões, rebaixamentos salariais e corte de conquistas, entre outros.
A centralização estatal não pode ser mais que reacionária. A quarentena como política de Estado é para salvar o capital. Poderíamos dizer que a quarentena é uma política preventiva para resguardar os grandes capitalistas e sua classe, desorganizando a nossa classe com a cumplicidade da burocracia sindical, para preservar seus Estados em decomposição, reforçando o aparato burocrático-militar para disciplinar as massas. Por outro lado, se fossemos nós os que paralisássemos tudo, não só estaríamos enfrentando ao vírus, como também estaríamos organizados para enfrentar os ataques. Os métodos da classe operária, como a suspensão das atividades e paralisações rumo a uma greve geral, são medidas que permitem nos preservar de forma organizada, mediante os sindicatos, ante ao ataque centralizado dos burgueses e às fortes tendências destrutivas da economia capitalista em crise. Por isso, não podemos estar a favor da quarentena imposta pelo Estado, já que não é uma medida “sanitária”, mas uma linha imperialista de resguardar os ramos da produção fazendo diminuir o valor da força de trabalho. Esta distorção que a intervenção do Estado introduz na esfera da produção abre um sem fim de crises políticas das diferentes frações burguesas e uma relação diferente com os trabalhadores, já que atua na mesma base das relações sociais de produção. Fica muito evidente a importância da força de trabalho na criação de valor e a dinâmica do capitalismo e sua relação com esta força de trabalho. E, diante dos ataque dos capitalistas, devemos contrapor o ataque a seu capital. Os trabalhadores, ante do nível da crise, devemos reforçar a ideia de expropriar aos expropriadores.
Devemos combater a ficção de um aparato burocrático-militar prescrito, que tem sob controle o que passa em seu território. Só a classe operária pode dirigir medidas coordenadas internacionalmente. Defendemos o controle operário dos principais ramos da economia, em vista da desorganização da economia, e nos posicionamos pela destruição do Estado burguês de forma revolucionária, já que é impossível que um Estado burguês responda às nossas demandas.
Podemos dizer que assistimos a um ensaio geral reacionário do sistema capitalista, em meio a um processo mais histórico de decomposição. É um grande ensaio de conciliação de classes de patriotismo. Perante a uma direção anárquica como é o sistema capitalista, que depende de seus Estados maiores armados para garantir a reprodução do capital, nós lutamos por uma direção coletiva consciente, que prepare as etapas da ditadura do proletariado, já que o sistema atual engendra as condições materiais e as formas sociais para a reconstrução econômica da sociedade.
Confiar apenas em nossas próprias forças
De forma cínica, os escribas do capitalismo pretendem demonstrar que o marxismo é uma teoria equivocada, temerosos de que a inocultável crise na qual se encontra o sistema propague a ideia da revolução social diante da irrefutável demonstração do que produz a anarquia do capital. O ataque ao marxismo em meio a uma crise é o desespero de uma classe burguesa em decomposição perante a um cenário mais agudo da luta de classes que se avizinha.
Nós, trabalhadores, podemos organizar as tarefas para enfrentar as consequências da pandemia, frear os ataques e desorganizar a burguesia em sua base de sustentação, a produção. O faremos impondo o controle operário dos ramos mais importantes da economia, a escala móvel de horas e de salários, a expropriação dos bancos, a abertura dos livros das grandes empresas; são alguns pontos programáticos transicionais que podem mostrar ao conjunto das massas a dominação dos trabalhadores na administração das coisas. Intervir de forma independente e com nossos métodos nesta crise é a tarefa que temos que defender. Exemplos no mundo diante da crise, que o coronavírus acelerou, há muitos. Setores de trabalhadores realizaram paralisações e greves contra os ataques. Talvez, o caso mais importante seja a greve geral na Itália, onde os trabalhadores pararam contra o decreto de quarentena do governo. Nos EUA, a principal potência imperialista, os trabalhadores também realizam greves no local de trabalho. As lutas semi-insurrecionais das massas na América Latina, como no Chile ou no Equador, contra as quais não conseguiram impor derrotas decisivas à classe operária e à juventude, apontam a possibilidade de irrupção do proletariado do continente para vencer os planos de fome e miséria do imperialismo. Na Argentina, a luta dos trabalhadores do frigorífico Penta, de BedTime e do sistema de saúde marcam o caminho.
Nós, trabalhadores, devemos intervir nesta crise de forma independente, preparando as condições para que surja uma vanguarda revolucionária que se constitua em partido, como direção revolucionária na necessidade de reconstruir a IV Internacional.