Terceira paralisação internacional de entregadores

Terça, 30 Junho 2020 19:29

1 de julho

Terceira paralisação internacional de entregadores

A crise mundial tem se acelerado pela pandemia do coronavírus e tem desmascarado o sistema capitalista e suas formas de dominação. Um dos casos mais emblemáticos da relação entre capital e trabalho nesse período são os "Apps", onde os trabalhadores estão desempenhando um papel muito importante no meio da pandemia, enquanto as empresas estão fazendo fortunas. O negócio das empresas Apps baseia-se em maior flexibilidade, zero condições de higiene e segurança e a recusa em estabelecer algum tipo de vínculo empregatício. Além disso, são amparadas pelos governos de plantão, que permitem esse tipo de exploração e tentam dar um arcabouço legal a essas formas de trabalho.

Esta terceira paralisação internacional se dá em meio a processos massivos contra o assassinato de George Floyd nos EUA e quando o epicentro da pandemia está ocorrendo na América Latina. É por isso que é extremamente importante que um setor de trabalhadores saia para a luta, de forma coordenada internacionalmente, para mostrar a força da nossa classe e seus métodos, como a paralisação.

Na quarta-feira, 1º de julho, ocorrerá a terceira paralisação internacional dos entregadores.  A ação foi votada em assembleia virtual onde foram acordaram Raiders Unidos (Chile), Glovers Unidos (Ecuador), Treta  no Trampo (Brasil), Entregadores Antifascistas (Brasil), Repartidrxs Unidxs (Costa Rica), Motociclistas Unidos (México), Ni un Repartidor Menos  (México), la red de precarizados y Agrupación Trabajadores de  Argentina.  y   Agrupación Trabajadores de Reparto de Argentina.

Os entregadores continuam dando passos firmes no sentido da organização e da luta. Em 1º de julho, realizaremos uma nova paralisação internacional com um dia de mobilização em vários países.   Na Argentina, as reivindicações são para o aumento de 100% da taxa de pedidos (que hoje compõe o salário), por equipamentos de segurança e higiene, pela justiça de Emma, Franco e por todos os entregadores falecidos, pela ART a cargo das empresas e pelo fim das demissões e suspensões (reabilitação de contas suspensas). Diante do avanço da pandemia, por testes aos companheiros expostos ao vírus e ao isolamento.

No Brasil, a mobilização dos entregadores tomou corpo nos protestos antirracistas e contra o governo Bolsonaro com a consigna "Fome!" e com o discurso "não somos empreendedores, somos força de trabalho". Os entregadores, que recebem em média R$ 936 por mês (menos de um salário mínimo) com 12 horas diárias de trabalho, reivindicam refeições durante o período de trabalho, além do aumento da taxa mínima e por quilometragem e o fim dos bloqueios arbitrários das empresas. Além disso, eles exigem seguro de vida e contra acidente e auxílio pandemia (EPI e licença médica).

No Chile, diferentes grupos vêm se organizando por serem reconhecidos como trabalhadores com todos os direitos e pelo direito de formar uma organização sindical. Lançaram diferentes iniciativas como o MAREA (mancomunal de repartidores por app de Chile) onde convergem diferentes grupos como Riders Unidos, Rappiteros e Dealers Penquistas (Concepción). Esses grupos têm participado ativamente do processo de luta e organização que surgiu após 18 de outubro no país, levantando demandas de reconhecimento por mutualidades de segurança de acidentes, os quais tem deixado trabalhadores parados por até dois anos, como Cristóbal Pinilla. Também lutando contra o sistema explorador de pontos, que força os trabalhadores a ficarem conectados até tarde no toque de recolher, colocando em risco sua integridade física, perdendo seus meios de mobilidade ou tendo que devolver até mesmo o montante de pedidos.

Esse processo de organização em Pedidos Ya, Glovo, Rappi, Uber Eats,  Ifood e outros aplicativos, vem crescendo dia após dia. Não parou apesar da quarentena, da militarização dos bairros e rua e da repressão.

Os entregadores estão abrindo caminho através de demandas por melhores salários e condições de trabalho. Repudiamos   o assassinato trabalhista dessas empresas, que, com sua política de aumento dos ritmos e redução de salários, estão tirando a vida de cada vez mais companheiros que estão sendo atropelados durante o trabalho. Devemos reivindicar um salário inicial básico e um contrato único, substituindo a forma atual de monotributo ou boletos de taxa, que essas empresas usam e abusam. Os entregadores precisam avançar firmemente no caminho da organização sindical com independência do Estado, superando a fase inicial de movimento, que alguns chamam de "rede". Nesse sentido, é importante o apoio concedido pela CSA, que reúne centrais sindicais como o CUT do Chile e do Brasil, a CGT e a CTA argentinas, CNT México, AFL-CIO EUA, entre outras, mas, ao mesmo tempo, é necessário levantar os métodos da democracia operária, questionando os laços dessas direções burocráticas com empregadores e os Estados.

Claramente a tarefa de fortalecer e manter a organização sindical dos entregadores, com independência do Estado, é de primeira ordem e impostergável. Andar de mãos dadas para lutar pelo reconhecimento dos verdadeiros representantes votados pelos entregadores, para discutir e defender suas demandas contra essas empresas.

Vamos para a terceira paralisação internacional de entregadores para o triunfo de nossas exigências.

 

LOI Brasil - COR Chile - COR Argentina

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