Viva a luta do povo colombiano

Sábado, 08 Mai 2021 13:09

 

Declaração TRCI

As mobilizações e confrontos continuam ocorrendo nas ruas da Colômbia, após 5 dias de fúria contra a reforma tributária que o governo quer impor e que teve que suspender devido aos protestos massivos. O governo Duque lançou uma verdadeira caça aos trabalhadores e população pobre e, até hoje, são mais de 37 mortos, centenas de desaparecidos e detidos.

Duque buscou impor uma reforma tributária em meio à pandemia, que atinge fortemente a Colômbia, onde menos de 10% da população está vacinada e segue sofrendo com a deterioração da economia. O governo assumiu que o medo de ir às ruas devido ao nível de contágio permitiria impor a reforma para que grande parte da população pagasse pela crise da pandemia. Mas a reação dos trabalhadores e das massas populares foi tomar as ruas frente ao esgotamento (o “hartazgo”) da situação. Cali foi o epicentro dos enfrentamentos, uma área manufatureira onde o nível da crise econômica e sanitária da região se manifestou com maior intensidade.

Agora, depois de ter que voltar atrás e ver se consegue reformulá-la com algumas pinceladas demagógicas para que os setores mais ricos também paguem mais impostos, não consegue conter a situação geral e conta com as forças repressivas e com seu chefe político, Álvaro Uribe, para, através do monopólio da força do Estado, reprimir as manifestações alegando que são terroristas e argumentando pela comoção interna. Neste momento, pede uma “mesa de diálogo”, já que sua linha mais repressiva está atolada pela força das massas nas ruas. Alguns líderes da oposição e da burocracia sindical estão convocando esse diálogo para desviar as mobilizações.

A burocracia sindical da CUT e da CGT, entre outras centrais, convocou uma greve nacional para o dia 5 de maio. A particularidade deste chamado é que não foi uma greve, mas uma mobilização que, embora não permita que as ruas se percam, não ataca o coração da burguesia colombiana e do capital estrangeiro que está na produção. Devemos preparar a greve geral com piquetes de autodefesa para derrotar o governo Duque e explodir o Plano Colômbia do imperialismo ianque. Não podemos cair em nenhuma armadilha do regime, que buscará estender sua agonia até 2022, quando haverá eleições, ou buscar soluções institucionais como o Chile tenta com seu processo constituinte.

Nas diferentes regiões do país, importantes setores da juventude operária, dos movimentos indígenas e da pequena burguesia urbana, que já lutavam antes da pandemia, têm se destacado nos confrontos e na organização da autodefesa (como em "Puerto Resistencia ") contra os efeitos da crise econômica e de saúde, mas também contra a brutalidade da ESMAD (Esquadrão Móvel Anti-Motim). Esse cenário demonstra que há disposição para enfrentar Duque e o regime como um todo. Isso não se difere muito dos governos latino-americanos e de sua condução na pandemia; a vasta maioria se apoiou nas forças armadas e descarregou o ajuste nas massas para dirigir a pandemia e salvaguardar os interesses do grande capital e de sua classe.

A guinada do governo norte-americano por Biden, na necessidade de reconquistar a hegemonia mundial, leva a uma maior ingerência em seu quintal, a América Latina, tentando frear o avanço da China e da Rússia, o que vem configurando rearranjos nos diversos governos da região. O exemplo mais claro é o Brasil, onde a assunção de Biden obrigou o governo Bolsonaro, que apoiava Trump, a se reajustar, situação que gerou uma crise política não só devido ao rumo da pandemia, mas também porque diferentes facções burguesas e militares começaram a se aliar ao novo mestre ianque. Um setor das Forças Armadas mais aliado ao imperialismo norte-americano e um setor do parlamento denominado “centrão” começaram a se deslocar para o novo cenário mundial pós-Trump.

É imprescindível ao bonapartismo sui generis, que é uma forma especial de poder estatal das semicolônias, o papel das forças armadas e a relação com o imperialismo. A crise mundial, somada à pandemia, gerou infindáveis ​​crises políticas e decomposição na relação entre uma burguesia débil e o aparato militar dos semi Estados. O papel das forças armadas e auxiliares em países onde a forma de dominação da ditadura do capital é mais aguda, como Chile, Colômbia e Brasil, são onde essa relação caótica mais se expressa. É uma preocupação dos Estados Unidos saber em primeira mão qual é a relação entre as forças militares e seu Estado, e esse foi o motivo da viagem de um comandante do exército norte-americano para se encontrar com os generais das diferentes forças na região. Mas é um erro cair em visões catastróficas ao ver golpes em todos os lados ou cenários de guerra civil sem fundamentos nas relações de classe em uma semicolônia.

A peculiaridade da Colômbia é que, desde o final da década de 1990 até hoje, é um país militarizado. Com a desculpa da pacificação, da eliminação da guerrilha e do combate ao narcotráfico, tanto as zonas industriais quanto o campo tiveram durante anos uma forte militarização para controlar o movimento operário. Essa militarização inclui bases do Comando Sul do Pentágono, estabelecidas a partir do Plano Colômbia, onde os fuzileiros navais ianques treinaram e treinam os soldados que agora massacram o povo. Isso torna fundamental a discussão da autodefesa e do armamento dos sindicatos. Por outro lado, a Colômbia assumiu, nas últimas décadas, o papel de representante ianque, tipo gendarme, especialmente contra a Venezuela e que antes foi contra Cuba e a instável América Central.

A crise aberta na Colômbia enfraquece os planos imperialistas para a região e abre um cenário convulsivo que nem mesmo a pandemia pode conter.

É tarefa das forças que se dizem marxistas apoiar este levante e contribuir para o seu triunfo. Devemos cercar os trabalhadores colombianos e da região de solidariedade e convergir em ações nas embaixadas, ou consulados, exigindo o fim imediato da repressão e a dissolução da ESMAD. Além disso, devemos convocar uma Conferência Latino-americana com as correntes que ainda levantam a necessidade da ditadura do proletariado para discutir a situação explosiva na região e as tarefas dos revolucionários. Isso pode ajudar a desenvolver na Colômbia núcleos de revolucionários que podem tirar conclusões das tarefas que a situação histórica exige.

Organizemos a resistência contra a repressão de Duque e cia. Dissolução da ESMAD!

Viva a luta dos trabalhadores e população pobre da Colômbia!

Fora as bases militares ianques na Colômbia e na América Latina!

Fora o imperialismo e os governos fantoches da região!

Fora o FMI. Não ao pagamento da dívida externa!

Pelos Estados Unidos Socialistas da América Latina!

 

COR Chile - LOI Brasil - COR Argentina

 

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