ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU

Quarta, 12 Junho 2024 19:43

No domingo, 9 de junho, encerraram-se as eleições para o Parlamento Europeu, nas quais as prévias mostraram um grande avanço da extrema direita e a derrota dos que se denominavam centro. Embora a extrema direita tenha avançado e conseguido realizar eleições muito boas nos principais países da UE, como França, Alemanha e Itália, não conseguiu desalojar as alianças centristas do controle do Parlamento Europeu.

Tendências bélicas

Estas eleições ocorreram em plena guerra entre a Rússia e a Ucrânia, na qual os governos imperialistas da UE, em aliança com o imperialismo norte-americano através da OTAN, apostam fortemente na defesa da Ucrânia e na derrota da Rússia. Além disso, estão atravessadas pelo genocídio de Israel na Palestina, que desenvolveu um movimento pró-Palestina generalizado nos países da região. O prolongamento deste conflito bélico tem preparado os Estados membros para a possibilidade de aprofundamento de tendências bélicas, como se verifica com o aumento dos orçamentos militares e o restabelecimento do serviço militar obrigatório. Além disso, abriu intermináveis ​​contradições dentro da União Europeia, uma instância reacionária supra-estatal criada para assimilar os ex-Estados operários, que hoje não só não consegue atingir o seu objetivo, mas também tende à sua dissolução, uma vez que a unidade econômica entre setores burgueses que competem entre si no sistema capitalista é utópica.

É esta contradição na gênese da UE que leva a um avanço da extrema direita, com posições mais nacionalistas, protecionistas e anti-imigração. Porém, em seus objetivos, não diferem tanto dos outros setores em relação ao sonho de recriar um Estado de bem-estar, já que ambos buscam a forma política de recuperar protagonismo na arena mundial, não ser tão dependentes do imperialismo norte-americano e frear o avanço da China. Isto é algo que mantém as burguesias imperialistas europeias sem uma direção estratégica clara, dado o quadro de decomposição capitalista, o peso das forças produtivas chinesas e a dependência dos recursos energéticos que a Rússia lhes fornecia.

Um parlamento “de brincadeira”

Neste cenário, devemos observar os limites destas eleições, que elegem representantes para um parlamento cujas decisões não têm nenhum peso político na dinâmica dos membros da UE. A abstenção foi muito forte, chegando a 60% em alguns locais. Na realidade, os governos encaram-no como um teste para verificar seu grau de apoio. Na França, a derrota dos candidatos de Macron levou o presidente a dissolver a Assembleia Nacional e a convocar eleições antecipadas, numa medida para travar o avanço da extrema direita, representada por Le Pen, e diante de uma abstenção de 40%. A vitória de Meloni na Itália não preocupou tanto, uma vez que esta mandatária concorda em termos gerais com as políticas da UE. Na Alemanha, a AfD foi a segunda força, superando por dois assentos a social-democracia que está atualmente à frente da coligação governamental, mas os conservadores da CDU/CSU celebraram o desempenho relativamente bom dos seus candidatos e já pensam que podem capitalizar melhor do que a AfD e fortalecer-se na política interna.

Uma “euro-esquerda” totalmente turva

Foi surpreendente a política da esquerda trotskista, cuja grande maioria formou listas para participar no Parlamento Europeu, sendo uma instituição criada pela União Europeia; um organismo supra-estatal totalmente reacionário, cuja formação e, mais tarde, consolidação, nós, revolucionários, lutamos contra. Observamos uma esquerda perdendo o rumo, como se expressa na posição sobre a guerra na Rússia-Ucrânia, alguns pró-OTAN e outros apoiando Putin; outros ainda por uma autodeterminação abstrata para não tomarem posição. Precisamos abrir um grande debate no proletariado europeu sobre as tarefas históricas que esta situação crítica nos impõe. Para que lutem para acabar com a guerra e o genocídio na Palestina e confrontem os seus governos, que são membros da OTAN. O papel do proletariado, agindo como classe independente, é essencial para apresentar uma solução revolucionária internacionalista para a crise. É uma tarefa central derrotar o imperialismo e os seus processos de assimilação e unir o proletariado ucraniano e russo numa guerra revolucionária que derrote a OTAN e o processo de restauração capitalista de Zelensky e Putin.

Por uma Conferência Internacional de correntes revolucionárias

Nada de bom resultará destas eleições para o Parlamento Europeu; devemos lutar pelos Estados Unidos Socialistas da Europa, que são a forma estatal da ditadura do proletariado.

Chamamos uma Conferência Internacional com as correntes que ainda levantam a necessidade da ditadura do proletariado para discutir as orientações da situação mundial e a política dos revolucionários. Esta conferência parte da necessidade de reconstruir a IV Internacional e suas seções nacionais. 

 

COR Chile - LOI Brasil - COR Argentina

 

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