O IMPERIALISMO E A OPOSIÇÃO PRESSIONAM MADURO

Quinta, 09 Janeiro 2025 06:27

 

A posse para um novo mandato presidencial em 10 de janeiro na Venezuela tornou-se mais um marco no avanço da decomposição política e social do país. O resultado das eleições de 26 de julho, eleições que inicialmente foram produto de um acordo entre Maduro e o chavismo, por um lado, e o imperialismo e a oposição burguesa, por outro, terminou com o fracasso do acordo e com ambos os lados proclamando-se vencedores. Maduro avança na repressão à oposição e até prende estrangeiros classificados como terroristas internacionais, incluindo o oficial das forças de segurança argentino Gallo. 

A oposição, por seu lado, realizou um giro com o, segundo eles, "presidente eleito" González Urrutia pelos poucos países da região cujos governos o reconhecem taxativamente como vencedor: Argentina, Uruguai, Panamá, República Dominicana e, claro, os Estados Unidos. A maioria dos governos, principalmente do Brasil, Colômbia e México, buscam mediar para que as negociações entre os dois lados, que agora estão rompidas, possam ser retomadas.

Longe de discursos abstratos sobre a qualidade da democracia burguesa Venezuelana, o que está em jogo é a relação entre a sub-burguesias latinoamericanas e o imperialismo, e no caso da Venezuela, especificamente em relação ao controle e exploração do petróleo. A crise em que o semi-Estado venezuelano está imerso, baseia-se no fracasso retumbante do projeto de nacionalismo burguês encarnado em Chávez e seu "socialismo do século XXI", que acabou liquidando a PDVSA e destruindo as capacidades de exploração e extração de hidrocarbonetos. 

A ligeira recuperação produtiva dos últimos anos foi resultado do precário acordo alcançado com o governo Biden, que precisava de novas fontes de energia frente à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Mesmo o arranjo que foi a base das eleições de julho do ano passado, pode ser entendido como parte dessas necessidades do imperialismo. Mas a situação se modificou, tanto no terreno da guerra quanto pelo triunfo de Trump, que passou, de forma rápida, de um discurso de "pacificação" para uma retórica (bastante delirante, aliás) de expansionismo imperial sobre o Canadá, a Groenlândia e o Canal do Panamá.

A forma especial de poder estatal nas semi-colônias foi caracterizada por Trotsky como bonapartismo sui generis, também uma semi-democracia semi-bonapartista, uma forma de dominação determinada pela debilidade relativa da burguesia "nacional" do ponto de vista estrutural (ou seja, em sua relação com a produção) frente ao imperialismo e à classe operária nativa. Este conceito, embora seja necessário atualizá-lo dado o avanço da penetração imperialista, continua sendo útil para os revolucionários compreenderem a dinâmica da situação na América Latina. O papel que as Forças Armadas estão adquirindo hoje na Venezuela, tanto como principal instrumento de dominação de Maduro, quanto como em seu caráter de principal objeto da política de pressão do imperialismo para tentar quebrá-las, pode ser plenamente compreendido a partir dessa categoria da teoria política marxista.

Porém, o mais trágico é o papel de subordinação do movimento operário, especialmente de seu núcleo industrial, um papel que é o produto da política de conciliação de classes das direções dos sindicatos, muitos deles dirigidos em seu momento pelo centrismo trotskista. As responsabilidades dessa tragédia tornam-se mais claras com o passar do tempo: o chamado ao voto em Chávez do Partido Obrero/Política Obrera (na época eram a mesma organização), as vacilações da FT-QI (PTS da Argentina, MRT do Brasil, PTR do Chile), as concessões da LIT-QI (PSTU no Brasil e na Argentina, MIT no Chile) e a ITU-QI (IS na Argentina, CST no Brasil, MST no Chile) à oposição antichavista e diretamente a passagem para as fileiras da burguesia do MST argentino (hoje na LIS, junto com a Revolução Socialista/PSOL do Brasil) ao ingressarem no partido PSUV de Chávez, hoje mostram todas as suas consequências. Resolver a crise da direção revolucionária do proletariado se apresenta como uma necessidade histórica e implica a luta contra as correntes reformistas e centristas que dirigem as organizações sindicais. Para isso, é necessário reagrupar a vanguarda de nossa classe com base em um programa de transição, que proponha uma saída operária para a crise. Não só na Venezuela, mas em todos os países da região e nos Estados Unidos, onde a burguesia tentará enganar os trabalhadores com falsos discursos como a suposta luta pela democracia contra a ditadura de Maduro ou, por outro lado, pela defesa de Maduro e das burguesias nacionais contra "a direita" e os ianques. Uma Conferência Internacional das correntes que ainda defendem o programa da ditadura do proletariado, com o objetivo de discutir o método, o programa e a política para reconstruir a Quarta Internacional, o Partido Mundial da Revolução Socialista, é uma iniciativa que temos levantado a partir TRQI para avançar nos desafios de nossa época de aceleração da decomposição imperialista.

 

Fora as mãos imperialistas da Venezuela!

Controle operário da indústria petrolífera!

Por um governo operário!

Por uma federação de repúblicas socialistas da América Latina!

Pela reconstrução da Quarta Internacional e suas seções latino-americanas!

 

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