86 ANOS DA IV INTERNACIONAL: SUA RECONSTRUÇÃO É UMA TAREFA INADIÁVEL!

Martes, 03 Septiembre 2024 18:06

Neste dia 03 de setembro, completam-se 86 anos do congresso fundacional da IV Internacional, ocorrido em Paris, em 1938. Em meio às perseguições e à política de extermínio de seus militantes, levada a cabo por Stálin, o congresso reuniu cerca de trinta delegados, representando 11 seções internacionais filiadas. O próprio Trotsky não pode participar, exilado no México.

A necessidade de uma nova internacional já era defendida há alguns anos, diante da política contrarrevolucionária assumida pela Internacional Comunista sob a direção de Stálin, que conduziu o movimento operário às derrotas na Alemanha e, sob a forma de frentes populares, na Espanha e na França. Derrotas estas que, diante da ascensão do fascismo e da iminência da II Guerra Mundial, significaram uma tragédia para o curso da revolução mundial e da própria União Soviética.

A IV Internacional surgiu com a tarefa de responder à crise histórica da direção revolucionária, responsável pela derrota do movimento revolucionário, por meio de um programa correspondente. Diante da “contradição entre a maturidade das condições objetivas da revolução e a imaturidade do proletariado e de sua vanguarda”, o Programa de Transição ou “A agonia do capitalismo e as tarefas da IV Internacional”, pretende estabelecer a ponte entre as reivindicações concretas das massas trabalhadoras e o programa revolucionário, ou seja, um sistema de reivindicações transitórias que permita a superação da crise de direção revolucionária (ao estabelecer a ponte entre a velha e desiludida geração revolucionária e nova geração inexperiente) e coloque o proletariado na luta imediata pelo poder (desorganizando a burguesia). 

É importante reafirmar o sentido e a importância do que Trotsky denominou “sistema de reivindicações transitórias”, pois este condensa o programa revolucionário experimentado na Revolução de Outubro na medida em que se dirige “aberta e resolutamente” contra as bases do sistema burguês; não podendo, dessa forma, ser reduzido em um conjunto de consignas ou reivindicações pontuais dirigidas ao estado burguês, como se utiliza o centrismo. Ao contrário, busca uma mobilização sistemática das massas trabalhadoras em direção à revolução.

Há 86 anos de sua fundação, a tarefa estratégica da IV Internacional segue ainda mais urgente; “não consiste numa reforma do capitalismo, mas em sua derrubada. Seu objetivo político: a conquista do poder pelo proletariado para realizar a expropriação da burguesia.” A conjuntura atual é marcada pelo aprofundamento das tendências bélicas dentro de um período de intensificação da crise econômica e das contradições abertas pelas políticas levadas a cabo pelo imperialismo. A guerra entre Rússia e Ucrânia, que já ultrapassou 2 anos, está demarcada na busca mais ampla de assimilação dos ex-Estados operários pelo imperialismo e expõe, com o prolongamento do conflito sem perspectivas de solução a curto e médio prazo, a sua decomposição histórica e incapacidade de fechar este processo ou controlar suas consequências econômicas. Da mesma forma, o genocídio imposto ao povo palestino pelo enclave imperialista de Israel, que se aproxima de um ano sem trégua, é consequência direta da política imperialista para buscar recuperar sua hegemonia na região. Contudo, também escancara a incapacidade do imperialismo controlar a situação, elevando as tensões regionais e as consequências desta política no acirramento da luta de classes. As semicolônias buscam se reorientar em sua relação com o imperialismo e a China, em meio aos efeitos mais profundos da crise econômica, ocasionando maior instabilidade política, como na América Latina e na África que, sem uma direção revolucionária, arrastam cada vez mais as massas trabalhadoras para a miséria e para o engodo das defesas nacionalistas. A conjuntura também é marcada pela crise das formas de dominação do imperialismo, como os estados e as instituições do pós-guerra que, ao demonstrar sua incapacidade em oferecer saídas para a sua crise estrutural, tornam-se cada vez mais questionados em seu papel histórico. 

A superação da crise de direção revolucionária é, como afirmou corretamente Trotsky, a condição para a superação da crise histórica da humanidade.  A adaptação cada vez maior das direções dos trabalhadores às instâncias do estado burguês em seu momento de maior crise, bem como a busca pelas saídas dentro dos marcos nacionais, prolonga e aprofunda a situação de miserabilidade de nossa classe. Aos 86 anos de sua fundação, reafirmamos que a reconstrução da IV Internacional é uma tarefa inadiável, pois apenas sob “o partido mundial dos trabalhadores, oprimidos e explorados”, é possível organizar a luta pela derrubada da burguesia e pela imposição da nossa ditadura de classe!

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