León Trotsky: a vigência de seu legado, aos 81 anos de seu assassinato

Sexta, 20 Agosto 2021 11:46

O dia 21 de agosto de 2021 marca o 81º aniversário do desaparecimento físico de Leon Trotsky. As circunstâncias de sua morte explicam a implacável luta revolucionária que ele travou até seu último dia. Mas Ramón Mercader, o agente stalinista que infligiu a ferida fatal a ele em sua casa de exílio no México, estava longe de imaginar que seu ato só enalteceria o líder bolchevique e comprovaria que Stalin estava dirigindo o primeiro Estado operário da história à contrarrevolução. O stalinismo comemorou ter finalmente conseguido se livrar da autoridade revolucionária da velha guarda para sequestrar o Estado Operário e colocá-lo à mercê de seus interesses. Sobretudo, foi a burguesia imperialista que comemorou o grande favor que o stalinismo lhe faria, assassinando o fundador da Quarta Internacional - juntamente com vários de seus quadros mais valiosos - e assim apagando, pelo menos por um tempo, a luz da organização internacional do proletariado em um partido cujo propósito é enterrar o capital: a Quarta Internacional. Contudo, a luta de classes não tolera interrupções. A situação atual mostra mais uma vez a assertividade das conclusões revolucionárias que Trotsky elaborou dos maiores acontecimentos da história até sua morte e a linha revolucionária do programa da Quarta.

 

Decadência capitalista e pandemia 

O Programa de Transição começa afirmando: "A situação política mundial como um todo, caracteriza-se, antes de mais nada, pela crise histórica da direção do proletariado. A premissa econômica da revolução proletária há tempos atingiu o ponto máximo que pode ser alcançado sob o capitalismo. As forças produtivas da humanidade deixaram de crescer. As novas invenções e novos progressos técnicos já não conduzem mais a um aumento da riqueza material. As crises conjunturais, nas condições da crise social de todo o sistema capitalista, descarregam sobre as massas privações e sofrimentos cada vez mais pesados. O aumento do desemprego aprofunda, por sua vez, a crise financeira do Estado e mina os sistemas financeiros estremecidos. Os governos, tanto democráticos quanto fascistas, marcham de uma bancarrota a outra."

E, à luz dos eventos desencadeados pela pandemia do coronavírus SarsCov-2, podemos dizer que continua sendo uma caracterização justa. Dois anos após o início da pandemia, assistimos a um curso acelerado de como o capitalismo funciona e quem são seus fiadores e defensores. Pudemos ver em todas as partes do mundo como os governos burgueses se assentaram em seus Estados para exercer uma centralidade reacionária de controle da situação aberta pelo Covid, tentando salvaguardar seus sistemas de saúde e os interesses das grandes empresas industriais, farmacêuticas e de serviços em detrimento das condições de vida das grandes maiorias.

Denominamos essa política um "ensaio geral reacionário", que foi uma tentativa de dominar a situação em meio a uma crise mundial que a pandemia acelerou. As quarentenas, a ideia de conviver com o vírus, a repressão estatal para garantir os confinamentos, os comitês de especialistas e tantas coisas que foram impostas através de métodos burgueses para desorganizar ainda mais o proletariado e impedi-lo de sequer pensar em impor seus métodos. Para isso, a burguesia contou com a inestimável ajuda das correntes de conciliação de classes e, especialmente, da burocracia sindical em todo o mundo.

O sistema capitalista mostrou sua verdadeira face no momento em que algumas vacinas contra a covid foram aprovadas emergencialmente. Longe de garantir a inoculação de todo o mundo, a grande maioria foi acumulada pelos países imperialistas a fim de reativar suas economias o mais rápido possível e usar a "diplomacia vacinal" para ter maior ingerência nos países semicoloniais. Dessa forma, deixaram grande parte da população mundial sem vacina nenhuma. Os grandes laboratórios são os grandes vencedores da pandemia. Enquanto isso, variantes, como a Delta, continuam a se espalhar pelo mundo.

O sistema capitalista mostrou por que está esgotado como um sistema, uma vez que não pode atuar como um bloco. Embora possa, em certos momentos, avançar algum ramo econômico sobre outro, ele o faz em uma anarquia que garante uma maior pauperização das condições de vida das grandes massas. Nesta pandemia pudemos ver muitos fenômenos de luta de classes contra as penúrias as quais tentaram nos submeter, como os processos na Palestina, as greves na Itália, as mobilizações nos Estados Unidos frente ao assassinato de Floyd, os processos agudos na América Latina como Chile, Equador e Colômbia, para citar alguns.

Vivemos em uma etapa de decomposição do imperialismo. Os recentes acontecimentos no Afeganistão são mais uma amostra. Após 20 anos de ocupação dos EUA para uma chamada guerra contra o terror, hoje suas tropas entregaram o poder ao Talibã.

Ao mesmo tempo, assistimos um processo de assimilação dos ex-Estados Operários ao sistema capitalista. Isso gerou fenômenos de luta de classes como na Bielorrússia ou, mais recentemente, em Cuba. São processos de restauração capitalista dirigidos por burocracias contrarrevolucionárias, que encontram resistência nas massas.

E talvez a coisa mais importante que presenciamos nesta pandemia é a decomposição dos Estados como forma de dominação. A relação entre Estado e capital entrou em uma contradição histórica.

 

Completar o programa e colocá-lo em marcha

Dadas as circunstâncias que se apresentaram desde o surgimento da pandemia e, fundamentalmente, a podridão das bases do sistema capitalista, defendemos que o legado de Trotsky nos oferece uma base teórica e política para atuar nesta etapa histórica. Assumir esta tarefa implica assimilar o método revolucionário que nos ensinou a pensar com nossas próprias cabeças sobre os processos de assimilação dos ex-Estados operários, a decomposição imperialista e seu curso nas instituições criadas para sua dominação. Isso, principalmente, para avançar na superação da crise de direção revolucionária. Neste sentido, devemos substituir o centrismo que influenciou camadas de lutadores pelo marxismo revolucionário, para dotar à vanguarda dos trabalhadores um programa transicional que leve à construção dos partidos como uma seção da reconstrução da Quarta Internacional.

A partir da TRQI, defendemos a necessidade de uma Conferência Internacional com os grupos que ainda defendem a ditadura do proletariado para avançar nas tarefas dos revolucionários nesta etapa.

Derrotar este sistema capitalista, destruir o poder da burguesia, organizar o proletariado e desenvolver as etapas da ditadura do proletariado. Expropriar os expropriadores. Essas tarefas estão inscritas ao levantarmos bem alto as bandeiras da Quarta Internacional, o partido mundial da revolução socialista.

 

COR Chile - LOI Brasil - COR Argentina

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