GAZA PARA OS PALESTINOS, O IMPERIALISMO… PARA A LATA DE LIXO DA HISTÓRIA

Quinta, 06 Fevereiro 2025 10:48

 

Uma onda de críticas abalou o mundo após as declarações de Donald Trump em 04/02, nas quais ele propôs que os EUA "assumissem o controle" da Faixa de Gaza. Essa "iniciativa" implicaria, ele deixou claro, a expulsão dos palestinos daquele território em que enfrentam, há mais de um ano, bombardeios e cercos pelas Forças de Defesa de Israel. O imperialismo propõe uma limpeza étnica definitiva como “solução final” para a guerra genocida do seu enclave israelense contra os palestinos, atualmente suspensa após uma trégua imposta aos sionistas pela resistência.

 

Não é por acaso que esta proposta desastrosa, mais um exemplo da barbárie que o decadente sistema capitalista oferece à humanidade, foi feita na primeira recepção internacional de Trump após assumir o cargo de presidente pela segunda vez. O homenageado foi justamente Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro da entidade de ocupação. Trump vem, assim, em socorro do governo sionista, que se debate com a incapacidade de encontrar uma solução não só para o conflito atual, mas também para uma crise de magnitude histórica, já que Israel é o produto de uma institucionalidade imperialista típica do equilíbrio do pós-guerra, que hoje range por todos os lados. Trump propõe, seguindo a linha de sua primeira presidência, destruir toda essa velha institucionalidade, e sua proposta para a Faixa de Gaza, mesmo que não seja viável, coloca a defesa ianque de Israel em primeiro lugar como uma premissa fundamental da pretendida nova ordem mundial.

 

Os hipócritas imperialistas que dirigem os governos europeus, assim como os fantoches de todas as cores no Oriente Médio e no resto do mundo, estão defendendo o direito internacional, rasgando as vestes contra a afronta aos direitos humanos implícita nas declarações de Trump, gritando a necessidade de manter as instituições do sistema das Nações Unidas, que eles retratam como garantidoras da paz, mas são, ao contrário, as instituições que permitiram o recente massacre em Gaza, a continuação da guerra na Ucrânia, a limpeza étnica na África e na Ásia e todas as atrocidades das potências imperialistas nos últimos anos. Governos como o do líder trabalhista britânico Christy Cooney e do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, assim como os governos da ONU e da UE, são cúmplices da expulsão do povo palestino de sua terra, que está se aproximando de seu 80º aniversário, bem como do genocídio em andamento, que agora está apenas em pausa. Os senhores democratas, liberais e conservadores, defensores das instituições capitalistas, nada têm a oferecer ao proletariado e aos povos oprimidos, exceto uma versão (na aparência) um pouco menos brutal do que a barbárie a que Trump e seu governo de multimilionários servem hoje. Uma versão que faz parte da preparação militarista dos líderes burgueses do capitalismo decadente, anunciada pela própria presidente da Comissão Europeia, von der Leyen, ao solicitar o relaxamento das regras fiscais e da dívida da UE para aumentar os orçamentos de defesa; nem deixa de ser governado pelo único eixo claro que o imperialismo tem, que é a necessidade de modificar a relação capital-trabalho a seu favor, atacando nossa classe, como vêm fazendo na Polônia, Ucrânia e outros países.

 

Como já dissemos, Trump persegue a ideia de recuperar a liderança perdida nos últimos anos e, com base em uma política agressiva no plano econômico e no poder militar, pretende recuperar a influência perdida, especialmente contra a China, em diferentes regiões para tentar impor uma nova direção — em seu declínio — para a situação mundial. Suas primeiras medidas mostraram os limites da máquina produtiva e financeira ianque, ameaçando com uma guerra tarifária contra o México e o Canadá, que teve que ser suspensa por 30 dias devido à resistência da própria burguesia imperialista, que teme que tais medidas acabem minando ainda mais a saúde já debilitada da economia americana. Entretanto, tanto o governo Trudeau, em vias de saída, quanto o governo mexicano de Sheinbaum tiveram que se subordinar e ceder ao pedido de militarização das fronteiras de seus países. Sheinbaum mostra que Trump não conta apenas com Milei, Bukele e outros presidentes capachos da América Latina; também são oferecidos os serviços de um progressismo decadente, pronto para mobilizar 10 mil tropas contra seu próprio povo para satisfazer o mestre imperialista.

 

UNIDADE INTERNACIONAL CONTRA O IMPERIALISMO

 

As reações de raiva e o enfrentamento à agressão imperialista expressa por Trump já se refletiram nas manifestações contra as deportações nos próprios Estados Unidos. Podemos esperar que os jovens de lá, assim como da Europa, assumam a luta pelo povo palestino. Essas manifestações anti-imperialistas são um alerta para a classe trabalhadora organizada e sua vanguarda, que realizou ações de solidariedade muito importantes, mas não conseguiu liderar essas expressões de luta. O proletariado tem a capacidade de enfrentar o capitalismo na sua base, impondo a paralisação da produção e seu controle para deixar a burguesia no ar e detonar os alicerces de seus Estados. Lutar contra a assimilação capitalista dos ex-Estados operários e os governos bonapartistas da Rússia e da China que buscam disputar a liderança do processo de restauração com o imperialismo, com todo o retrocesso social que isso implica. Lutando pela destruição de Israel, a entidade de ocupação sionista no Oriente Médio, e contra todos os governos burgueses da região (árabe, turco e iraniano) cúmplices do massacre do povo palestino, lutando pela Federação das Repúblicas Socialistas do Oriente Médio como forma política da ditadura do proletariado. Para realizar todas essas enormes tarefas que temos pela frente, é necessário abordar a tarefa de resolver a crise da direção revolucionária do proletariado que se mostra, mais uma vez, ser a crise da humanidade. A cada passo, a situação fornece novos elementos para convocar urgentemente uma Conferência Internacional para a reconstrução da Quarta Internacional e suas seçõe

s nacionais.

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    Em meio à ofensiva do enclave de Israel sobre a Faixa de Gaza, perpetrando um genocídio do povo palestino que resiste com grande heroísmo, um novo evento agudiza as tendências à desestabilização da região. No sábado, 13 de abril, o Irã lançou mais de 300 drones sobre Israel, há duas semanas do ataque a sua embaixada na Síria, que causou a morte de 13 pessoas. Este é o primeiro ataque direto do Irã a Israel na história e os iranianos o justificam como uma resposta ao ataque recebido em Damasco, no qual morreram oficiais da Guarda Revolucionária Islâmica. Ainda assim, se trata de uma ação “limitada e em defesa própria”, tal como a própria diplomacia iraniana manifestou abertamente em Washington. Este aviso também permitiu que o imperialismo coordenasse com Israel ações preventivas. Esta diplomacia se explica no fato de que o Irã pretende evitar uma guerra regional, mas ao mesmo tempo “ser respeitado” frente às forças israelenses e adverti-los que suas incursões serão respondidas com represálias.

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    A classe operária internacional deve intervir do lado do povo palestino impulsionando medidas que afetem a máquina imperialista na produção; assim mesmo, o proletariado da região deve impulsionar a necessidade da derrota e destruição do enclave de Israel, derrotando as burguesias nacionais, mediante os métodos da classe operária, como a greve geral e a insurreição consciente das massas. Lutando pela revolução socialista, por uma Federação de Repúblicas Socialista do Oriente Médio e Magreb.

     

    COR Chile - LOI Brasil - COR Argentina

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