Diante da magnitude da crise e da aceleração dos preparativos belicistas, conscientes das consequências que isso implica para nossa classe, torna-se urgente o chamado a uma Conferência Internacional para as correntes que ainda levantam a necessidade da ditadura do proletariado.

Fazemos este chamado com o propósito de abrir um debate no interior das correntes que se reivindicam trotskistas, já que o trotskismo é a única tradição marxista que mantém viva a perspectiva da revolução socialista. É necessário dar um passo no sentido de reagrupar parte da vanguarda atrás de um programa revolucionário e poder intervir na situação internacional. Nossa corrente aspira atuar nesse processo como uma tendência de uma direção revolucionária que impulsione o desenvolvimento de uma nova geração que retome as tarefas históricas de construir o partido mundial da revolução, que nesta época é a reconstrução da IV Internacional. A construção deste partido torna-se imperiosa, num momento em que prevalecem as ideias de movimentos ou coalizões eleitorais, que depois se transformam em mediações podres e entram em crise por sua impotência para enfrentar o avanço de setores ultrarreacionários. Isso foi visto, por exemplo, no Brasil onde o PSOL apoiou Lula, no Chile com o colapso da Frente Ampla de Boric e sua aliança com o PC e correntes afins, ou o NPA da França que fez uma campanha em comum com a “França Insubmissa” de Melenchon, para dar apenas alguns exemplos.

Desde a TRQI definimos que a situação internacional se encontra numa etapa caracterizada pela decomposição do imperialismo e pelos processos de assimilação dos ex-Estados operários. Assistimos a uma aceleração dos tempos, impulsionada pela política belicista do imperialismo, na necessidade de assimilar os ex-Estados operários e abrir novos mercados em meio a uma crise na organização do capital e suas instituições, como o Estado burguês, e da sua forma de dominação, com um bonapartismo decadente.

Em 20/01/25, Donald Trump assumiu seu segundo mandato, rodeado pelo establishment financeiro e político mais concentrado do mundo e representantes políticos internacionais. O discurso que pronunciou no Capitólio levantou a ideia de recuperar a liderança perdida nos últimos anos e, com base numa política agressiva a nível econômico e no poderio militar, tem como objetivo recuperar a influência perdida – pela sua decadência – em diferentes regiões, especialmente diante da China, para tentar impor uma nova saída para a situação mundial.

Devemos discutir as tarefas dos revolucionários e a política para os setores organizados do proletariado diante da extensão no tempo da crise econômica mundial aberta em 2008. Os elementos belicistas estão se acentuando, como mostram a guerra Rússia-Ucrânia, que está desestabilizando grande parte da Europa; o genocídio na Palestina por parte do enclave de Israel, que está gerando uma crise aberta na região do Oriente Médio, como ficou demonstrado na queda de Al Assad na Síria; a guerra comercial entre EUA e China; a crise na África.

Temos de discutir qual papel deve desempenhar o proletariado dos ex-Estados operários, como o chinês, o russo e o ucraniano, para frear a guerra e derrotar a OTAN e os governos restauracionistas. Nestes Estados estamos assistindo a uma contradição histórica, na qual a burocracia contrarrevolucionária, que ainda não consegue se constituir como classe e continua buscando de forma infrutífera experimentos de acumulação, deve assumir tarefas burguesas da época imperialista, como restaurar o domínio do capital. Mas, ao mesmo tempo, o imperialismo não reconhece essa formação social como representante para essa tarefa histórica. A extensão no tempo desta anomalia é o que está levando a uma guerra, ainda encapsulada. No entanto, ao chegar a este ponto, já não seria como as outras guerras mundiais, que foram pela divisão do mercado na expansão do sistema capitalista, mas sim para assimilar os ex-Estados operários no momento de maior decadência e decomposição do imperialismo. Sustentamos que estamos num cenário novo, não só porque já não existem as condições econômicas e políticas do período de guerra mundial, mas também porque não existem as mediações partidárias ou movimentos políticos com base operária que se desenvolveram naquele período. Por isso é difícil e até estéril buscar analogias históricas, como as que dizem que estamos num momento como o anterior a 1915 ou outros. O que devemos constatar é que o imperialismo em sua decadência pode levar os trabalhadores a enfrentamentos militares e acreditamos que a dinâmica mundial está dando indícios desses preparativos. Devemos enfrentar a guerra com a revolução, guiados pela teoria da revolução permanente.

Hoje presenciamos a crise das correntes que ainda reivindicam o legado de Mandel, Moreno, Ted Grant, Lambert e outros que não conseguem dar resposta aos processos abertos. Como se viram na necessidade de se desenvolver num período que já está desaparecendo, estão se tornando obsoletos para orientar a prática revolucionária atual. Em seu momento tiveram de responder a processos históricos muito contraditórios como a política contrarrevolucionária do estalinismo (desde a autoridade da Revolução Russa e da URSS), o surgimento dos Estados de bem-estar e toda uma série de políticas imperialistas para dar concessões a setores de massas em sua competição contra o sistema soviético, etc. Ao não se desenvolver a direção revolucionária, pelo fato de que a IV Internacional não conseguiu superar o estágio germinal, terminaram desenvolvendo diferentes variantes de adaptações ao Estado e suas instituições, seja nos países imperialistas como semicoloniais. Em geral, terminaram separando economia de política e caíram em armadilhas de conciliação de classes, sustentando essa ideia como norte sem entender a dinâmica da revolução permanente onde já não estão as tendências organizadas do passado, e onde se coloca o caráter da revolução, em chave mundial e não nacional. Agora, por essa adaptação, não conseguem dar resposta à queda do Estado de bem-estar na Europa, aos processos de assimilação dos ex-Estados operários, à decomposição imperialista e aos desafios da luta de classes. Ainda assim, nossa corrente continua viva como continuidade do marxismo revolucionário. Isso impõe recuperar o método que nos ensinaram os grandes revolucionários do passado, para completar a tarefa de desenvolver a luta pelo socialismo nas condições atuais. Precisamos de uma Internacional, que para nós é a IV Internacional, que ordene os debates e defina as tarefas em todas as seções nacionais, unificando a luta dos batalhões do proletariado que se destacam em todo o mundo.

Fazemos este chamado para que comecemos a abordar esta tarefa histórica, para resolver a crise da humanidade, que é a crise de direção revolucionária do proletariado.

 

 

Em 20 de janeiro de 2025, Donald Trump assumiu seu segundo mandato, cercado pelo establishment financeiro e político de maior concentração do mundo e por representantes políticos internacionais. O discurso que proferiu no Capitólio levantou a ideia de recuperar a liderança perdida nos últimos anos e, com base numa política econômica agressiva e no poder militar, coloca como objetivo recuperar a influência perdida, especialmente frente à China, em diferentes regiões para tentar impor uma nova rota de fuga – em sua decadência – para a situação mundial.

 

O imperialismo ianque sempre se caracterizou por exportar as suas crises, mas agora todas as contradições da situação mundial atingem suas fronteiras adentro. Isto torna cada política imperialista proposta historicamente frágil, devido à própria perda da hegemonia mundial.

 

Os processos históricos têm demonstrado, desde o início da fase imperialista, que nenhuma política pode ser imposta de forma pacífica, razão pela qual a linha bélica levada a cabo pelo governo que se encerrou de Biden continuará com Trump, com outros objetivos. A nova administração tem como foco a retomada da guerra comercial com a China e busca reverter a desindustrialização no território norteamericano. Trump apostará na revitalização da indústria petrolífera para baratear a energia no mercado interno e desenvolver uma concorrência agressiva com a indústria petrolífera do Oriente Médio, procurando alinhar centralmente a Arábia Saudita. É por isso que propõe acabar com os conflitos na Faixa de Gaza e Cisjordânia e na Ucrânia, revivendo os “Acordos de Abraão”, disciplinando o Líbano e a Síria, isolando o Irã, para se concentrar no confronto com a China e no fortalecimento da economia interna.

 

O discurso proferido teve um tom protecionista e nacionalista reacionário, invocando um suposto “senso comum”, que implica a supremacia branca das eras douradas do século XX. A linha protecionista já gerou desvalorizações em alguns países semicoloniais, como o Brasil, e não podemos descartar que, no futuro, mais crises da dívida serão provocadas em vários países. Ele também esboçou uma política migratória que, inicialmente, propunha expulsar, antes da vitória eleitoral, 10 milhões de imigrantes, mas que agora seria de apenas 1 milhão, refletindo a composição da classe trabalhadora norteamericana, que tem um forte elemento imigrante; além disso, também propõe disciplinar fortemente a um proletariado que se vem organizando em alguns ramos. É uma linha de divisão acentuada em relação à classe trabalhadora, para unir uma base social para a sua orientação. Não podemos subestimar as declarações de Trump, mas também não podemos tomá-las como uma linha coerente de um imperialismo senil, uma vez que o discurso apelou a uma certa nostalgia do que nunca foi e de que nunca será. Recuperar a Groenlândia, recuperar o controle do Canal do Panamá, anexar províncias do Canadá e do México são objetivos que, se seriamente tentados, provocariam conflitos, aprofundando as crises dos regimes bonapartistas e, possivelmente, abrindo fenômenos anti-imperialistas. Esta linha de expansionismo imperialista aumenta a pressão sobre o imperialismo europeu, aprofundando a sua crise interna; confrontos que, mais acirrados, empurrariam para uma terceira guerra mundial, para a qual, por enquanto, não conta com uma base social.

 

Este segundo mandato de Trump baseia-se no fracasso do governo Biden e tentará buscar uma unidade imperialista, para a qual conta com a burocracia sindical como seu principal aliado - fato recentemente evidenciado pela burocracia portuária que suspendeu as medidas de luta para que os fornecimentos militares pudessem navegar em nome da “segurança nacional”, com a cumplicidade do Partido Democrata, em uma crise fenomenal. Contudo, da palavra à ação há quilômetros de diferença. A política do discurso inaugural nega uma situação internacional totalmente instável, de crise econômica desde 2008 sem solução e com processos de luta de classes e guerras de difícil resolução.

 

Neste cenário, o proletariado norteamericano tem uma tarefa histórica de enfrentar o governo imperialista de Trump, frear a política migratória reacionária, romper com o PD e os seus satélites como o DSA, expulsar a burocracia pró-imperialista, desenvolver o incipiente processo de sindicalização de muitos setores novos, com independência de classe. A derrota da burocracia sindical permitirá à classe trabalhadora internacional avançar na sua unidade com a resistência palestina, com os trabalhadores da Rússia e da Ucrânia para que lutem contra a assimilação capitalista dos ex-Estados Operários e com o proletariado dos países oprimidos pela imperialismo ianque. 

 

Pela derrota do imperialismo! Pela reconstrução da IV Internacional, partido mundial da revolução!

 

 

No domingo, 19/01/25, as condições do acordo de cessar-fogo alcançado no Catar começaram a vigorar, após meses de negociações fracassadas, que consiste em três seções: entrega de reféns e libertação de detidos; retirada do exército israelense e reconstrução da Faixa de Gaza após os bombardeios.

Este acordo está por um fio, pois Netanyahu deixou claro que a qualquer momento o exército israelense pode continuar o genocídio sob qualquer desculpa. De fato, já está apontando a Cisjordânia como objetivo de novos ataques. Mesmo assim, o cessar-fogo foi celebrado pelo povo palestino, demonstrando mais uma vez a resistência histórica de um povo que luta contra a usurpação do seu território pelo enclave imperialista israelense. A trégua faz parte de uma política imperialista, tanto da administração Biden que se encerra, bem como da administração Trump que se inicia, para que não eclodam confrontos na região após as revoltas e a derrubada de Al Assad na Síria. Isto faz parte de uma política de guerra mais geral do imperialismo norte-americano, que está desenvolvendo uma guerra “por procuração” através da OTAN na frente ucraniana, para fechar frentes e concentrar forças num eventual enfrentamento mais direto com a China e os seus aliados. Faz parte do processo de assimilação dos ex-Estados operários liderados pelo imperialismo num momento de maior decomposição.

Outro elemento que o acordo Israel-Hamas mostra é a crise do regime governado por Netanyahu e as tendências incipientes para o surgimento de setores rebeldes fora da liderança burguesa do Hamas e da Autoridade Palestina, como se viu nos campos de refugiados em Jenin. Isto forçou a aceleração do acordo devido à fragilidade das direções em conflito. Por esta razão, sempre propusemos que a saída revolucionária para esta situação seja internacional. Para que a resistência palestina se desenvolva para expulsar o enclave de Israel do Médio Oriente, o proletariado internacional tem de agir com os seus próprios métodos, impedindo o fornecimento militar do imperialismo à Israel, enfrentando os governos que apoiam o enclave sionista em todo o mundo e, juntamente com o proletariado árabe, concentrado principalmente nas indústrias petrolíferas, abrem um processo revolucionário que culmina na Federação das Repúblicas Socialistas do Oriente Médio e do Magrebe. Nas atuais condições históricas, já não há possibilidade de soluções através da diplomacia burguesa como a proposta de “dois Estados”, nem soluções escalonadas como “uma Palestina secular, autodeterminada e democrática”, a dinâmica da decadência imperialista impõe-nos uma solução que implica retomar as experiências mais avançadas do século XX a partir das Federações Soviéticas dadas pela Revolução Russa, como expressão estatal da ditadura do proletariado internacional. Retomar as bandeiras do anti-imperialismo e não ter qualquer confiança nos bonapartismos sui-generis dos países árabes, que traíram a luta palestina e se subordinaram ao imperialismo, é uma tarefa central de uma liderança revolucionária. A elevação do programa da IV Internacional fornecerá diretrizes para a formação de uma organização com estas características.

 

 

 

 

 

 

 

A posse para um novo mandato presidencial em 10 de janeiro na Venezuela tornou-se mais um marco no avanço da decomposição política e social do país. O resultado das eleições de 26 de julho, eleições que inicialmente foram produto de um acordo entre Maduro e o chavismo, por um lado, e o imperialismo e a oposição burguesa, por outro, terminou com o fracasso do acordo e com ambos os lados proclamando-se vencedores. Maduro avança na repressão à oposição e até prende estrangeiros classificados como terroristas internacionais, incluindo o oficial das forças de segurança argentino Gallo. 

A oposição, por seu lado, realizou um giro com o, segundo eles, "presidente eleito" González Urrutia pelos poucos países da região cujos governos o reconhecem taxativamente como vencedor: Argentina, Uruguai, Panamá, República Dominicana e, claro, os Estados Unidos. A maioria dos governos, principalmente do Brasil, Colômbia e México, buscam mediar para que as negociações entre os dois lados, que agora estão rompidas, possam ser retomadas.

Longe de discursos abstratos sobre a qualidade da democracia burguesa Venezuelana, o que está em jogo é a relação entre a sub-burguesias latinoamericanas e o imperialismo, e no caso da Venezuela, especificamente em relação ao controle e exploração do petróleo. A crise em que o semi-Estado venezuelano está imerso, baseia-se no fracasso retumbante do projeto de nacionalismo burguês encarnado em Chávez e seu "socialismo do século XXI", que acabou liquidando a PDVSA e destruindo as capacidades de exploração e extração de hidrocarbonetos. 

A ligeira recuperação produtiva dos últimos anos foi resultado do precário acordo alcançado com o governo Biden, que precisava de novas fontes de energia frente à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Mesmo o arranjo que foi a base das eleições de julho do ano passado, pode ser entendido como parte dessas necessidades do imperialismo. Mas a situação se modificou, tanto no terreno da guerra quanto pelo triunfo de Trump, que passou, de forma rápida, de um discurso de "pacificação" para uma retórica (bastante delirante, aliás) de expansionismo imperial sobre o Canadá, a Groenlândia e o Canal do Panamá.

A forma especial de poder estatal nas semi-colônias foi caracterizada por Trotsky como bonapartismo sui generis, também uma semi-democracia semi-bonapartista, uma forma de dominação determinada pela debilidade relativa da burguesia "nacional" do ponto de vista estrutural (ou seja, em sua relação com a produção) frente ao imperialismo e à classe operária nativa. Este conceito, embora seja necessário atualizá-lo dado o avanço da penetração imperialista, continua sendo útil para os revolucionários compreenderem a dinâmica da situação na América Latina. O papel que as Forças Armadas estão adquirindo hoje na Venezuela, tanto como principal instrumento de dominação de Maduro, quanto como em seu caráter de principal objeto da política de pressão do imperialismo para tentar quebrá-las, pode ser plenamente compreendido a partir dessa categoria da teoria política marxista.

Porém, o mais trágico é o papel de subordinação do movimento operário, especialmente de seu núcleo industrial, um papel que é o produto da política de conciliação de classes das direções dos sindicatos, muitos deles dirigidos em seu momento pelo centrismo trotskista. As responsabilidades dessa tragédia tornam-se mais claras com o passar do tempo: o chamado ao voto em Chávez do Partido Obrero/Política Obrera (na época eram a mesma organização), as vacilações da FT-QI (PTS da Argentina, MRT do Brasil, PTR do Chile), as concessões da LIT-QI (PSTU no Brasil e na Argentina, MIT no Chile) e a ITU-QI (IS na Argentina, CST no Brasil, MST no Chile) à oposição antichavista e diretamente a passagem para as fileiras da burguesia do MST argentino (hoje na LIS, junto com a Revolução Socialista/PSOL do Brasil) ao ingressarem no partido PSUV de Chávez, hoje mostram todas as suas consequências. Resolver a crise da direção revolucionária do proletariado se apresenta como uma necessidade histórica e implica a luta contra as correntes reformistas e centristas que dirigem as organizações sindicais. Para isso, é necessário reagrupar a vanguarda de nossa classe com base em um programa de transição, que proponha uma saída operária para a crise. Não só na Venezuela, mas em todos os países da região e nos Estados Unidos, onde a burguesia tentará enganar os trabalhadores com falsos discursos como a suposta luta pela democracia contra a ditadura de Maduro ou, por outro lado, pela defesa de Maduro e das burguesias nacionais contra "a direita" e os ianques. Uma Conferência Internacional das correntes que ainda defendem o programa da ditadura do proletariado, com o objetivo de discutir o método, o programa e a política para reconstruir a Quarta Internacional, o Partido Mundial da Revolução Socialista, é uma iniciativa que temos levantado a partir TRQI para avançar nos desafios de nossa época de aceleração da decomposição imperialista.

 

Fora as mãos imperialistas da Venezuela!

Controle operário da indústria petrolífera!

Por um governo operário!

Por uma federação de repúblicas socialistas da América Latina!

Pela reconstrução da Quarta Internacional e suas seções latino-americanas!

 

El gobierno de Boric también es responsable

El pasado 8 de noviembre Julia Chuñil “desapareció” en las inmediaciones de su casa en un terreno disputado por el empresario forestal Juan Carlos Morstadt Anwandter, quien ya tenía antecedentes de hostigamiento hacia las comunidades mapuches con el respaldo de las instituciones estatales.

Esta desaparición es parte de la política llevada a cabo por el gobierno del PC-FA, quien ha profundizado notoriamente la política de represión y resguardo de la propiedad privada, como continuidad de las políticas aplicadas por los gobiernos de la derecha y la concertación.

La militarización de la zona sur se ha vuelto permanente, así como la persecución, criminalización y represión de las organizaciones mapuches. La ley de “gatillo fácil” Naim-Retamal, ha habilitado a los agentes de represión a que puedan desenfundar, apuntar y disparar en completa impunidad. La misma impunidad que este gobierno otorgó a los altos mandos de carabineros instigadores de los asesinatos, torturas y mutilaciones durante el “estallido”. La ley “antitoma” también ha sido una herramienta que permitió desalojar, y mantiene en vilo, a cientos de familias privadas del derecho a la vivienda. Con esta misma ley (junto con la de infraestructura crítica) se le otorga manga ancha a los represores para intervenir en las tomas de terrenos, edificios, escuelas, fábricas, hospitales, etc, para intentar desarticular métodos de lucha histórica de nuestra clase.

Hoy, Boric y distintos personeros oficialistas, se ven forzados a hablar de la desaparición de Julia, pretendiendo posar con un perfil democrático de “defensa de los derechos humanos”. Un cinismo de alto calibre para un gobierno que aplicó la pinochetista ley de seguridad interior del estado contra dirigentes de la CAM, en concomitancia con el aparato judicial estatal, otorgando sin pruebas de acusación, más que la persecución ideológica, condenas equivalentes a cadena perpetua. Podríamos sumar el hostigamiento y represión sistemática contra el movimiento estudiantil, la represión a distintas luchas de la clase obrera, o la persecución criminalización y represión de los sectores en lucha (marcha del 11S, conmemoración del 18-O, redada en Villa Francia, etc).

En un proceso acelerado de descomposición del capitalismo a nivel mundial, el semiestado chileno manifiesta su crisis profundizando su deriva represiva, mientras intenta sin éxito encauzar en la institucionalidad de los parlamentos, del aparato judicial descompuesto y los pasillos ministeriales el malestar social.

El gobierno bonapartista pequeñoburgués, regentea la dictadura del capital, intentando saldar la crisis de dominación imperialista, atando al país con dobles cadenas. Su política represiva brinda amplias facultades a los hacendados y diversos sectores capitalistas a incursionar en la creación de grupos paramilitares o elementos lumpen a su servicio.

Exijamos la Aparición con Vida de Julia Chuñil

Libertad y desprocesamiento de los presos por luchar

 

 

Assistimos à derrubada de Al Assad na Síria, depois de 50 anos desse clã no poder e tendo afogado em sangue as insurreições espontâneas de 2011. Foi derrubado em um cenário mundial que combina a crise mundial aberta com a política belicista do imperialismo em sua decadência. 

 

A tomada do poder pela milícia islâmica Hayat Tahrir al Sham (HTS), juntamente com o Exército Nacional Sírio, com o apoio da Turquia, deve ser analisada como um movimento no tabuleiro das guerras atuais, como uma derrota para a Rússia em suas áreas de influência, para buscar forçar uma negociação para a guerra com a Ucrânia, em condições desfavoráveis para isso.

 

O Estado sírio está em claro declínio, com grande parte de seu território convertido em mini-Estados territoriais controlados por diferentes grupos armados de diferentes facções religiosas, que respondem às diferentes potências imperialistas que influenciam a região.

 

A queda de Al Assad nos obriga a pensar sobre como será estabelecida uma nova relação de forças por parte dos Estados Unidos e da Rússia na área, considerando que os EUA têm batalhões militares que trabalham ao lado das milícias curdas do YPG e que a Rússia tem bases navais e aéreas na região. Este conflito, obviamente, faz parte de um conflito mais geral, aberto pelo genocídio do enclave de Israel contra o povo palestino e seu avanço em toda a região. Embora estejam atualmente em trégua com o Líbano, nada está resolvido, pelo contrário, a tendência é que o confronto se intensifique ainda mais.

 

As milícias que tomaram o poder na Síria são a direção decomposta de variantes dos nacionalismos árabes, que há muito tempo se venderam ao imperialismo e seu representante na região que é o enclave de Israel. Os sionistas estão avançando em novas áreas das Colinas de Golã não apenas para aproveitar a desordem da decomposição da Síria, mas como medida preventiva diante de um verdadeiro processo real de luta contra Al Assad no qual essas direções estão apoiadas. É por isso que a tarefa dos revolucionários é buscar unificar as lutas genuínas para enfrentar o assassino Al Assad com a resistência palestina em Gaza e derrotar o enclave israelense, o que significaria a derrota do imperialismo e seus aliados no Oriente Médio. Temos que unificar as forças do proletariado do Oriente Médio com os trabalhadores da Ucrânia e da Rússia para travar uma guerra revolucionária contra suas burocracias restauracionistas e derrotar a OTAN.

 

A luta por uma federação de repúblicas socialistas no Oriente Médio, como expressão da forma estatal da ditadura do proletariado, é a saída para destruir os Estados falidos, formados depois da pós-guerra.

 

COR Chile - LOI Brasil - COR Argentina 

 

 

Cúpula dos Brics, eleição de Donald Trump, eleições municipais, atentado a bomba contra o STF (Supremo Tribunal de Justiça) e um plano orquestrado pelo alto escalão do governo Bolsonaro para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Esse é o pano de fundo que antecedeu e perpassou a reunião do G20 chefiada pelo Brasil no Rio de Janeiro e a visita de Estado de Xi Jinping. A política internacional, há tempos, tem servido ao atual governo para ofuscar a permanente crise interna que vive o país. Mais uma vez Lula desfilou com líderes mundiais a fim de se cacifar como grande líder regional e do denominado “Sul global”, mas as abstrações (Combate à pobreza, mudanças climáticas, reforma do conselho de segurança da ONU e a busca da paz) do documento assinado na cúpula dá conta que a realidade concreta seguirá sem mudanças, as tendências abertas pelas guerras em curso e o agravamento das economias dos Estado, do imperialismo às semicolônias, seguirão ampliando a instabilidade política do governos de turno e aprofundando a crise social, isto é, as condições objetivas de vida dos trabalhadores.  

Na eleição norte-americana, Lula defendeu abertamente o voto em Kamala Harris. Com a vitória de Trump, a frente ampla se vê tateando para mensurar o impacto político da mudança na Casa Branca. Lula já declarou que nada vai atrapalhar a sólida relação entre Brasil e EUA, que diferenças devem ser postas de lado, que se trata de uma relação entre Estados e os ritos devem prevalecer, ou seja, o Brasil seguirá cumprindo seu o papel subserviente ao imperialismo. Contudo, a política econômica construída a partir do MAGA (Make America Great Again) pautada pelo protecionismo e pelo endurecimento da disputa pela recuperação da hegemonia mundial dos EUA acende um alerta nas semicolônias, sobretudo, quanto a dinâmica de valorização do dólar e da alta inflacionária, fora a dimensão do impacto do aumento de taxas de importação sobre as semicolônias.

Já há setores reformistas alardeando a assinatura de 37 acordos bilaterais com China com uma resposta do governo à ascensão de Trump, um giro estratégico. Após a cúpula do G20, Xi esteve em Brasília, para uma visita de Estado, com status de histórica. Apesar dos inúmeros acordos em diversas áreas, do Agro à tecnologia espacial, a discussão de fundo era a adesão do Brasil à iniciativa do Cinturão e Rota, que oficialmente não aconteceu. Todavia, a China consolida cada vez mais sua presença na América do Sul e o Brasil precisa se equilibrar na sua relação de semicolônia com o imperialismo.

A crise venezuelana intensifica a instabilidade política na América do Sul. O regime de Maduro endureceu o discurso com o governo Lula desde o veto que o Brasil impôs à entrada do Venezuela nos Brics, na recente cúpula do grupo na Rússia. O governo brasileiro se mostra encalacrado na questão venezuelana, já que Maduro endureceu de vez o regime, tendo aberto uma campanha de hostilidades ao Itamaraty, o qual leva a questão em banho-maria e o governo oscila entre levar a cabo a política do Imperialismo sem abrir crise com o PT e uma certa base eleitoral, defensores históricos do chavismo.  A crise amplia-se, ainda, com o conflito intestino entre Evo e Arce na Bolívia. Os processos eleitorais em curso expressam o declínio da democracia burguesa que cada vez mais revela seus limites diante da dinâmica depressiva da economia mundial, ampliando a tendência de governos cada vez mais débeis e instáveis nos bonapartismo suigeneris.

Isso se evidencia após as mais encarniçadas eleições municipais deste país, em que tivemos o triunfo acachapante do exacerbado fisiologismo do centrão. As emendas parlamentares irrigaram os municípios que reelegeram boa parte dos prefeitos. Os expoentes desse resultado foram principalmente o PSD de Kassab e o MDB de Temer. A vitória da política fisiologista robustecida em função da debilidade política dos governos nos últimos anos, somado a maior abstenção da história, quase 30% em São Paulo, por exemplo, condensa-se na crise dos partidos tradicionais e das instituições do regime democrático burguês. Guilherme Boulos (PSOL), principal candidato de Lula em São Paulo, teve uma derrota fragorosa para Ricardo Nunes (MDB), perdeu em quase todas as zonas periféricas, historicamente comandadas pelo PT.

As eleições alçam Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, como o grande maestro do centrão, e depositam no colo do PT e de Bolsonarismo uma crise que lhes impõem o estado permanente de campanha, antecipando o processo eleitoral de 2026. O PT e todo o reformismo se vê tendo que se remontar, uma vez que sai a cada pleito mais frágil e descolado de qualquer base social que pudesse lhe dar alguma sustentação. Fato é que o PT se encaminha a passos largos para ampliar ainda mais os conchavos com o centrão e a Frente Ampla, aguardemos a reforma ministerial que ocorrerá no fim do ano, cogita-se o nome de Lira para um ministério e já se discute nos bastidores o vice na chapa de Lula fora do PSB. Já o bolsonarismo também não desempenhou o que se esperava, ampliou-se os nomes (Marçal, Tarcísio, Ratinho Jr.) que podem ocupar o posto de Bolsonaro, que a cada nova investida da polícia federal e do STF, se vê mais próximo da prisão, sobretudo, após o desenrolar das investigações acerca do fato de que houve no alto escalão do governo de Jair Bolsonaro com as forças armadas um plano para matar Lula, Alckmin e Moraes, e promover um golpe de estado. Não à toa a dita “extrema direita” mexe os paus para mostrar-se para além de Bolsonaro, sem abrir mão do bolsonarismo, assim como Kassab e seus comandados tentam construir nomes que se mostrem para além dos extremos.

A crise entre os poderes não se fecha com a tentativa de disciplinamento pelo STF da disputa pelo orçamento federal que está posta com as emendas parlamentares, pilar do fisiologismo do centrão. O Supremo desde quando, em 2023, julgou inconstitucional o denominado “orçamento secreto”, vem agindo para pôr um freio na manobra parlamentar. Recentemente, o ministro Flávio Dino bloqueou as emendas pix condicionando maior transparência e rastreabilidade sobre os recursos. Hoje quase metade do orçamento está nas mãos de deputados e senadores, o que explica o desempenho do centrão nas eleições municipais e o que pode significar nas próximas eleições gerais. Há pouco, o congresso aprovou um Projeto de lei que tenta fechar um acordo entre o executivo e o legislativo sobre esses recursos, sobretudo quando se discute a necessidade de corte de gastos para cumprimento do arcabouço fiscal.

Após recesso oficioso do Congresso Nacional durante as eleições, os “trabalhos” foram retomados com intensa negociação pela definição dos nomes que disputarão as presidências da Câmara e do Senado ano que vem. Nesse ínterim, Lula definiu o nome, laureado pelo mercado financeiro, de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central. É uma tentativa de incidir sobre a política de juros do BC, já que Galípolo foi braço direito de Haddad na fazenda e indicação do próprio Lula para a diretoria do banco. Oriundo do mercado financeiro dá todos os sinais de que seguirá a política de juros sedimentada por Campos Neto para garantir aos rentistas e bancos uma lucratividade recorde. Concretamente a política econômica do governo vende a ideia de que juros baixos fomenta a produção via consumo e crédito, de um lado atende a demanda da fração burguesa industrial em crise histórica, mas de outro reforça a necessidade de o governo aquecer a economia para se cacifar às eleições gerais, mais uma vez a política de fundo não visa outro coisa que o voto do eleitor.

Ocorre que a equação não se fecha quando olhamos para os dados da economia, que vem apresentando resultados e índices positivos no que tange à macroeconomia. O mais recente dá conta da menor taxa de desemprego desde 2013, chegando a 6,4%. Tais dados dizem respeito apenas às expectativas de desempenho econômico do mercado financeiro dominado pelo capital monopolista, não repercutindo diretamente sobre as condições de vida dos trabalhadores, que vivem com salários cada vez mais defasados, em condições de trabalho precarizadas e endividados, o que explica o recente dado do IBGE de que a quantidade de favelas no Brasil cresceu 8% em dez anos, são 17 milhões de pessoas vivendo em favelas, grande parte abaixo da linha da pobreza. O que se põe em relação direta com o fato de a Frente Ampla patinar e a força do centrão nessas regiões periféricas.

O governo burguês de Lula/Alckmin atende aos interesses do imperialismo e do capital monopolista e às frações da semiburguesia nacional. Diante do aprofundamento da crise social, o debate da vez relaciona-se à publicação das metas de corte de gastos em função do encaixe das contas públicas ao arcabouço fiscal para conter o crescente endividamento do Estado. Analistas burgueses apontam uma demanda de corte na casa de 58 bilhões de reais para estabilizar a dívida até o fim do governo. As tendências econômicas gerais do cenário internacional, crise na produção, inflação e juros altos, dão conta de que a dívida pública nas semicolônias tendem a crescer.

No fim de novembro, o governo finalmente apresentou o pacote de corte de gastos de até 70 bilhões de reais para 2025 e 2026, em que mexe na estrutura de financiamento para os próximos anos de programas sociais (Política de reajuste do salário-mínimo, do BPC, Bolsa família), além da Educação. O contrapeso se justificaria com as alterações sobre regalias da aposentadoria dos militares, contudo o impacto não passa de 1 bilhão de reais até 2030. Todavia, não se mexeu nos incentivos fiscais às empresas de todo tipo, recursos que fecham o ano em 500 bilhões de reais, a mesma coisa quanto às emendas parlamentares.

Sabendo do impacto político negativo, foi antecipada também a Reforma da Renda, que aumenta para 5 mil reais o limite de isenção do imposto de renda e propõe um aumento de alíquotas para as altas rendas, isso caiu como uma bomba e mexeu com o “humor” no mercado financeiro, que promoveu uma alta recorde do dólar, ultrapassando 6 reais. Justificativa é que o pacote não vai ser capaz de conter o ritmo de crescimento da dívida, contudo é mais do que sabido que o capital devora partes consideráveis das forças produtivas, destruindo-as, no período imperialista há que se exportar capital para alimentar a especulação voraz e improdutiva, posto que, os ajustes fiscais são levados a cabo pelos governos de turno para pagar os juros da dívida externa e, efetuar novos empréstimos alimentando a máquina destrutiva que é o capital.  Fato é que o governo burguês da Frente Ampla precisa atender aos cortes de impostos e tributos dos grandes monopólios do capital, na busca do realinhamento das expectativas do mercado financeiro.

Todo esse roteiro escancara a situação política de um governo cada vez mais nas cordas frente a sanha especulativa do rentismo, a pressão interna pela redução do Estado a título de maior eficiência. Contudo, a deterioração da política de apelo social contribui ainda mais para um conjuntura de acirramento da luta de classes, que avança a cada período. Esse é o ponto que deve ser posto nesse debate, pois o discurso é de que deve-se equilibrar os gastos para pode garantir os serviços e os tais benefícios sociais, contudo, a realidade é o avanço da miséria e o avanço dos ataques aos direitos e à condição de vida dos trabalhadores, não deixando dúvidas sobre qual é o real papel desse governo.

Nisso, as instituições, mesmo com toda a crise política em que estão metidas, se unificam para avançar com o plano de corte de direitos via Reforma administrativa, que já ocorre nos municípios e estados. Fora a permanente mobilização para avançar com as regulamentações da Reforma Tributária e a aprovação do pacote do corte de gastos. As pelejas políticas, expressam os limites que a Frente Ampla tem para governar, expressa a crise institucional da democracia burguesa que se aprofunda nos bonapartismos sui generis. Evidenciam como as várias frações burguesas disputam e se unificam sobre as pautas centrais, sobretudo, as econômicas.

Semanas atrás, o STF julgou constitucional a mudança no regime de contratação dos servidores públicos, os novos trabalhadores poderão ser contratados via CLT, o que rompe com a estabilidade dos servidores. Esse é um exemplo de que a Reforma administrativa vem sendo regulamenta a conta-gotas e na surdina com a conivência e silêncio das direções políticas e burocracias sindicais que há tempos estão mais preocupados com eleições do que em avançar com uma política que coloque a classe num ascenso contra os ataques da Frente ampla Lula/Alckmin.

Isso está demonstrado no papel que as direções políticas da classe cumpriram nas eleições municipais passadas, tanto o reformismo, quanto o centrismo estiveram metido até pescoço nas eleições, elemento central da decomposição da democracia burguesa. A eleição de São Paulo, além de diversos outros municípios, contou com as candidaturas do centrismo, com candidatos a prefeito e a vereador do PSTU e o MRT, que se utilizando da filiação democrática da legenda do PSTU, lançou sua “bancada comunista”. Tiveram de conjunto um desempenho pífio, não ultrapassando barreira 5 mil votos.

Para justificar essa política, lançam mão de todo tipo de revisionismo e de adaptação ao regime, contudo, há que se convir que há no mínimo uma coerência dada a inveterada defesa que fazem da democracia burguesa frente ao “ascenso do fascismo” via a dita extrema-direita. Para esses setores a luta de classe se dá nos marcos das instituições burguesas, o parlamento e o judiciário. Evocam o princípio da independência de classe para atuar através de um “programa revolucionário e socialista” por dentro das estruturas do Estado burguês, nada revela mais o nível de adaptação ao regime. Justificam a utilização dessa tática como propaganda, mas a principal demanda apresentada é uma reivindicação nos marcos de um estatismo, abrem mão do caráter de classe do Estado, para propagandear um engodo aos trabalhadores. A verdade é que as eleições são a expressão maior do controle burguês sobre o ascenso da consciência de classe, é inconcebível o grau de desvio e o atraso desses setores dos métodos de luta e organização próprios dos trabalhadores. Uma reflexão cabe fazermos quando aqueles que deveriam estar nas trincheiras da luta de classes, estão em praça pública pedindo voto naqueles que serão os próximos administradores do Estado para a burguesia.

É nesse aparato em declínio que as burocracias sindicais conduzem as lutas dos trabalhadores. Durante todo o período, estiveram recuados e também em campanha eleitoral, enquanto isso os governos de turno avançavam com as reformas e as privatizações, passadas as eleições prefeitos e governadores promoveram uma enxurrada de medidas privatizantes, sobretudo na educação. Diante desse cenário, é fundamental a defesa da independência de classe como elemento central para a construção de políticas e definição de ações dos trabalhadores.

É fundamental, portanto,  erguer em cada sindicato e organização estudantil uma oposição revolucionária, que avance com uma política de recuperação dos nossos instrumentos de organização das mãos das burocracias e exijam dos sindicatos e centrais a construção de uma saída operária da crise e de enfrentamento aos ataques; que coloque abaixo as Reformas Trabalhista, Previdenciária, Administrativa, do Ensino Médio, além do projeto das Escolas Cívico-militares em curso; que levante a luta pela escala móvel de horas e salários e a necessidade de expropriação dos expropriadores. É necessário também que, a partir de nossas estruturas, organizemos a autodefesa contra os ataques protofascistas da pequena burguesia bolsonarista e, principalmente, contra o braço armado do estado burguês.

A política para os trabalhadores não pode ser definida pelas disputas eleitorais, com a aquisição de bancadas nos parlamentos, e consequente disputa pela administração do estado burguês, alimentando a ilusão no aparato estatal, como se pudesse ser preenchido com determinado conteúdo de classe. Os ataques da burguesia contra o conjunto dos trabalhadores estarão na ordem do dia, independentemente dos governos de turno. A tarefa central para a classe trabalhadora só pode passar pela necessidade de construção do partido revolucionário que dirija a derrubada do estado burguês e imponha a nossa ditadura de classe.

No dia 01/11 encerrou-se o 33º Congresso do SINPEEM. Aproximadamente 4 mil delegados, representantes escolhidos em suas escolas, passaram 4 dias em um evento de caráter festivo, com propósito “distracionista”, relegando seu verdadeiro objetivo - o debate político e a organização dos trabalhadores - a um mero e incômodo detalhe diante de uma infinidade de atividades culturais, shows, barracas de compras e salas de massagem.

O cenário político que se configurou no evento foi aquele por nós previsto após o fim do processo eleitoral para a direção do sindicato, no meio do ano passado. Uma rápida adaptação dos grupos da denominada “Oposição Unificada” que conquistaram cargos na direção, à direção dita “majoritária”.  

A burocracia do sindicato, após o fiasco de suas pretensões nas eleições municipais, teve a cooperação de diversos grupos de “oposição” que compõem a direção, para tratorar a discussão política e a necessária organização dos trabalhadores da educação para lutar contra os ataques que avançam sobre a classe.

À revelia das emendas inscritas ao texto referência, com os pouquíssimos caracteres permitidos, já no primeiro dia do evento todos os grupos da “Oposição Unificada” se reuniram a portas fechadas com a burocracia para apresentar um Plano de Lutas pronto, já acordado entre eles e sem discussão nenhuma com a base presente na plenária. Tentaram, em acordo com a direção burocrática, reduzir o tempo de fala da apresentação das correntes, um dos poucos momentos em que pode-se defender programa e teses sem precisar ter o texto da burocracia como “referência”. 

Nas defesas das emendas, correntes como Conspiração Socialista e Democracia e Luta no SINPEEM, cumpriram o papel próprio da burocracia, defendendo o SP Integral, e atacando com mentiras as propostas de discussão sobre a imediata efetivação das trabalhadoras terceirizadas das escolas, como ao vociferar a falácia de que seríamos contra o concurso público. 

Outras correntes mal se posicionaram, outrora auto-proclamadas “combativas” e/ou revolucionárias como Reviravolta na Educação, Vozes da Base e mesmo a Corrente Proletária, que não compõe a direção mas atuou o tempo todo pela construção do bloco da Oposição Unificada, intervieram timidamente e de fato se silenciaram perante as mentiras, distorções e ataques desmedidos de uma burocracia e de uma suposta Oposição Unificada reformista, perdidas politicamente e desesperadas por terem sido varridas nas eleições municipais. Tentam se posicionar à esquerda no bloco dirigente, mas rapidamente são incorporadas à política da direção burocrática; formam agora, a exemplo da APEOESP, uma DIREÇÃO UNIFICADA.

É necessário também abrir um balanço sobre a atuação da corrente Nossa Classe, que diante dessa tendência já apontada por nós no último ano - de que esses grupos seriam absorvidos pela direção majoritária - ainda assim tentaram se manter próximos à Oposição Unificada até o último momento, tendo rachado pouco depois da convenção pré-eleitoral. Porém, na eleição, não se posicionou e neste Congresso, também sofreu com o silenciamento e burocratização da agora DIREÇÃO UNIFICADA. Contudo, novamente, absteve-se de denunciar a atuação dessas correntes. 

Diante desse cenário, que já era apontado há mais de um ano, a UICC - Unidade Independente, Classista e Combativa - apresentou a política correta de combate à burocratização do Congresso e da Oposição Unificada, se apresentando como Oposição de fato, utilizando todos os meios disponíveis para denunciar as traições, apresentar as políticas corretas, com independência de classe e sem medo das reações adversas, virulentas e embusteiras da burocracia e sua base, assim como de parte importante da Oposição Unificada, que fatalmente se seguiram.

Nossa proposição de atividades paralelas ao distracionismo corriqueiro, com debates políticos e organizacionais sobre sindicatos, privatizações, terceirizações, SP Integral e a proposta de escolas cívico-militares (que avança no estado e na prefeitura), foi de encontro aos ataques imediatos que sofremos por parte dos governos de turno e à necessidade dos sindicatos serem recuperados como importante instrumento para a organização da luta da classe trabalhadora, contra os ataques de QUALQUER GOVERNO e/ou patrão. 

Houve uma positiva recepção por uma parte da base que enxerga que reformistas e centristas já não podem responder às necessidades imediatas de organização da classe, e que esse caminho passa pela construção de uma oposição revolucionária dentro do sindicato, que preze pela independência de classe, e avance no debate político com seriedade, sem temer. 

Essa é a tarefa que se impõe após o 33º Congresso do SINPEEM e que as correntes que compõem a UICC - Oposição de Luta, Corrente Sindical Marxista Guilhermo Llora, FOB, OSL e os trabalhadores Independentes - assumem: o avanço na construção e consolidação dessa frente de oposição revolucionária, que denuncie e passe por cima do imobilismo dessa DIREÇÃO UNIFICADA, cada vez mais adaptada e incorporada às instâncias do estado burguês, para levar adiante, com os nossos métodos, a luta contra a privatização, a terceirização o arrocho salarial e a deterioração das nossas condições de trabalho.

Eleições nos Estados Unidos

 

 

Na última terça-feira (05/11), foram realizadas as eleições presidenciais nos Estados Unidos. Com uma diferença maior do que o esperado, Trump foi declarado o novo presidente na manhã desta quarta-feira, derrotando Kamala Harris tanto em número de eleitores como em número de votações nominais. Kamala Harris tentou se descolar do governo Biden, recorrendo a posições reacionárias (não tão radicalizadas como as de Trump), mas isso não a ajudou muito. A grande maioria dos eleitores expressou que o saldo dos quatro anos de Biden foi negativo, principalmente a nível econômico. 

 

A política externa foi um elemento de peso, frente a um eleitorado relutante à guerra. Nestes últimos 4 anos, a administração democrata foi incapaz de dar uma orientação clara ao imperialismo ianque diante dos conflitos bélicos como o da Rússia-Ucrânia e o genocídio na Palestina por parte do enclave de Israel, o que demonstra a sua debilidade como potência imperialista. Enquanto Harris prometeu mais apoio à Ucrânia contra a Rússia, Trump conquistou simpatia ao propor que terminaria a guerra o mais rapidamente possível (o que resta saber se e como conseguirá isso). Trump também deu um forte apoio a Netanyahu, o qual o governo israelita interpreta como liberdade de ação para continuar com o genocídio palestino num momento em que este é altamente questionado tanto a nível interno como a nível global. O triunfo de Trump expressa a decadência imperialista, que não consegue encontrar direção nos objetivos imperialistas, ao mesmo tempo que condensa todas as contradições mundiais dentro do seu Estado.

 

O retorno de Trump ocorre em meio a uma crise geral do sistema capitalista na sua fase imperialista e na sua relação com as formas estatais de dominação burguesa. A democracia burguesa - e a sua relação com as massas - é uma das formas de dominação de classe que está sendo fortemente questionada, mas ao contrário do que foi o confronto revolucionário da Revolução Russa com o Estado burguês, neste caso o questionamento se dá através do avanço de setores mais reacionários. Esta “democracia”, que entrou em crise, surgiu como uma resposta da burguesia à competição com o sistema soviético. Assim surgiram, particularmente nos países imperialistas, os Estados de bem-estar social, que procuraram estatizar as organizações operárias e as massas trabalhadoras em geral, cooptando a aristocracia operária e assimilando uma grande parte da pequena burguesia através dos direitos civis. Nas semicolônias, foram feitas tentativas de imitá-las por meio de bonapartimos sui generis como uma forma especial de poder estatal. O curso dos últimos anos de crises económicas, políticas, da pandemia e de processos de assimilação dos ex-Estados operários, implicou em um ataque direto às formas estatais do pós-guerra sem conseguir encontrar outra forma de dominação que ofereça um certo equilíbrio instável ao sistema capitalista apodrecido.

A falência do progressismo

 

Neste processo, os que caíram em desgraça foram os supostos progressismos (estatistas, redistribucionistas, populistas, reformistas), que nada puderam fazer frente ao avanço da decomposição de todas as instituições burguesas, ansiando um Estado de bem-estar que já não retornará; e se negam a enfrentar o pauperização da pequena burguesia de uma forma revolucionária em aliança com os trabalhadores. 

 

A vitória dos republicanos fez entrar em pânico a UE e a OTAN, dado o seu possível desinteresse na guerra Rússia-Ucrânia e a linha de que os governos europeus devem assumir o comando do conflito. Este ponto foi fundamental nestas eleições, uma vez que o suposto progressismo mostrou a sua face mais bélica e a sua incapacidade de fornecer uma saída, a não ser maiores dificuldades para as massas.

 

Para a América Latina, é possível que as relações das burguesias nativas com o imperialismo norte-americano sejam reconfiguradas frente ao avanço da China na região. É possível que Trump favoreça figuras como Milei, em detrimento de outras como Lula ou Sheinbaum.

 

A vitória de Trump não trará nada de bom aos trabalhadores do mundo, nem Kamala o faria. O que está claro é que devemos nos organizar para enfrentar o imperialismo e que isto deve ser feito a nível internacional. Devemos fazer um chamado aos trabalhadores da América do Norte para romperem com as forças políticas imperialistas que dirigem o seu próprio Estado. 

 

Atualmente está se desenvolvendo um processo de sindicalização que deve ter como tarefa o confronto com o governo Trump e a interrupção da guerra, paralisando e bloqueando o arsenal bélico que os EUA enviam à Ucrânia e à Israel. Outra tarefa fundamental do proletariado norte-americano é unir-se ao proletariado russo e ucraniano para desenvolver uma guerra revolucionária que derrote a restauração capitalista em curso.

 

Devemos reconstruir a Quarta Internacional para estabelecer as diretrizes para uma luta unificada a nível mundial que enfrente a decomposição do imperialismo e o processo de assimilação dos ex-Estados Operários. Entre as suas tarefas está a unidade do proletariado norte-americano e chinês contra o imperialismo e contra a burocracia restauracionista do PC chinês. Não podemos permitir que Trump, com o seu protecionismo, desenvolva o chauvinismo nos trabalhadores (nativos e imigrantes) contra os trabalhadores de todo o mundo. Nossa classe é internacional e nosso inimigo também.

 

 

COR Chile - LOI Brasil - COR Argentina

Hace 5 años, el llamado “estallido social” fue una irrupción de fuerzas elementales, de trabajadores, desocupados, jóvenes, estudiantes, que cuestionó los cimientos de la sociedad de explotación, sin poder rebasar los límites impuestos por el aparato estatal. Ese organismo descompuesto que garantiza la dominación imperialista descargó una cruenta represión, dejando muertos, mutilados, torturados, presos políticos.

A esa semiinsurrección espontánea le siguió una huelga general el 12 de Noviembre donde, de la misma forma caótica, improvisando en organización y acción, la clase trabajadora hizo tambalear al entonces gobierno de Piñera, dejándolo al borde de su caída.

No fue sólo la cruenta represión contra los que luchan lo que activó la clase dominante para confrontar este levantamiento de amplios sectores de masas. Todo el régimen político burgués y pequeñoburgués selló un “Acuerdo por la Paz y el Orden Público” para darle sobrevida al debilitado gobierno, y desplegar una batería interminable de elecciones (municipales, convencionales, primarias, presidenciales, etc) cargadas de promesas de reforma a la democracia semicolonial mediante las constituyentes y una renovación de su staff político. El ensayo general reaccionario que significó la intervención estatal con la pandemia también otorgó un respiro a los capitalistas, además de cuantiosas ganancias, significó un ataque en regla contra todos los vestigios de organización que quedaron en pie.

El gobierno de Boric (PC y FA), además de cooptar mediante el aparato estatal a sectores de los “movimientos sociales”, fue el encargado de aplicar una a una las políticas de reacción. Impulsaron leyes antiobreras y represivas como la ley de flexibilización laboral de 40 horas, ley anti tomas, ley gatillo fácil, ley de infraestructura crítica, mayores recursos para la represión, impunidad para los represores, desactivación de las luchas obreras con mesas de diálogos de manos vacías. Persiguieron a organizaciones, desalojaron a pobladores, encarcelaron a luchadores, aplicaron la ley de seguridad del estado, militarizaron zonas enteras del país, reprimieron la organización estudiantil dentro y fuera de los liceos, pactaron el TPP11 y consolidaron lazos militares con el comando sur de EEUU, y un largo etc. Cada paso reaccionario de este gobierno fue endulzado con su verborragia estatista pequeñoburguesa.

La ausencia de mediaciones fuertes preocupa a la burguesía para los próximos periodos. Justamente fue esa falta de mediaciones que contuvieran y anticiparan la semi-insurrección del 18 O que comenzaba a incubarse en las masas con golpes que se reciben a diario en los lugares de trabajo y estudios. El hastío con la politiquería, que trasunta las elecciones burguesas y al parlamento, provocan una separación cada vez mayor entre las masas con el estado burgués. Sectores de la pequeñoburguesía hoy “se escandalizan” con la corrupción del poder judicial, como una muestra más de su cinismo (ante hechos consustanciales al capitalismo). Esa misma pequeñoburguesía se disputa visceralmente el botín del estado como el principal motivo para toda esa maquinaria electoral que a su vez deja en evidencia que los partidos burgueses y pequeño burgueses son meras coaliciones electorales sin raíces en sectores de clases.

La burguesía ha realizado un denodado esfuerzo por demonizar a esa semiinsurrección con el mote de “estallido delictual”. Su principal argumento es el mismo que desató las fuerzas de nuestra clase, que hoy el grado de descomposición del capitalismo es aún más profundo que entonces.

Y es que las causas no se encuentran en las particularidades nacionales, en las formas que adquieren nuestras batallas. Nos encontramos ante la manifestación de la decadencia imperialista y su línea guerrerista. La falta de orientación del sistema imperialista con la guerra entre dos ex estados obreros Rusia-Ucrania, y la escalada entre el enclave Israelí con los países del medio oriente, donde el sionismo no ha podido derrotar a la resistencia pese al genocidio llevado a cabo al pueblo Palestino que ahora extienden al Líbano. Tendencias guerreristas en la situación mundial que muestran la putrefacción de la democracia burguesa y sus instituciones creadas en la posguerra.

En Latinoamérica los gobiernos semicoloniales vienen aplicando líneas de ajustes contra la clase obrera y el pueblo, disciplinándose a los dictados del amo imperial como en Perú, Chile, Colombia, etc. Lo que desata importantes gestas de lucha obrera y estudiantil como en Argentina enfrentando estos ataques.

Este 18 O además de conmemorar el quinto aniversario del levantamiento obrero y popular, es una oportunidad para sacar lecciones, superar la debilidad de aquel proceso que fue desviado por constituyentes y mecanismo de la democracia burguesa. Para ello es fundamental desarrollar no sólo la organización obrera, sino preparar su dirección revolucionaria que intervenga en los sindicatos, impulsando el control obrero de la producción, las tareas preparatorias para la insurrección consciente, la toma del poder destruyendo al estado burgués, instaurando la dictadura del proletariado y su extensión internacional.

Forjemos la dirección revolucionaria del proletariado, la cuarta internacional reconstruida.

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